Aceitaria pagar 240 euros quando outro cliente acabou de pagar 12?

Um jornalista do Expresso questiona o porquê de continuarmos a aceitar que uns clientes paguem 12 euros para entrar numa discoteca e outros clientes tenham que pagar 20 vezes mais.
A experiência é relatada por Nelson Marques. Pediram-lhe na discoteca Lux Frágil, a mais badalada e mais elogiada de Lisboa, 240 euros para entrar, quando antes um cliente tinha acabado de pagar 12 euros.

Aceitaria pagar 240 euros quando outro cliente acabou de pagar 12?

No Lux Frágil, a discoteca mais conhecida de Lisboa, os conhecidos da casa e os VIP não têm consumos mínimos e entram por uma zona lateral. Já os comuns mortais têm que ir para a fila, sujeitando-se à ditadura arbitrária do porteiro. Relata Nelson Marques jornalista do Expresso.

Se um cliente preenche os insondáveis requisitos de entrada, paga 12 euros e recebe o equivalente a senhas que pode trocar por bebidas. Se não cair nas boas graças do porteiro, e como impedir a entrada é ilegal, tem que pagar um consumo mínimo 20 vezes superior. Sim, leu bem. Aconteceu com Nelson Marques.

"Boa noite. Ora bem, são 240 euros por pessoa. Aceita?" Nelson Marques não aceitou. No seu grupo eram quatro: dois homens, duas mulheres. Nelson fez as contas: quase mil euros por umas horas de diversão. Decidiu não aceitar. Percebeu que a ideia era barrar-lhes a entrada.

Aconteceu a outro cliente, mas desta vez não funcionou. Um jovem chegou de Porsche e vinha logo atrás do grupo de Nelson. Aceitou pagar 240 euros, mesmo quando outros, um minuto antes, pagaram 12 euros cada.

A discriminação no preço é legal. Nelson diz que esta situação acontece todos os fins-de-semana, no Lux Frágil e noutros espaços noturnos, e “ninguém parece importar-se realmente com isso. Ninguém se choca. Ninguém questiona se, em pleno século XXI, este comportamento é aceitável.”

“O pior é se a moda pega. Vai ao brunch da Bica do Sapato, dos mesmos proprietários do Lux Frágil, e, ao invés dos 25 euros que pagam os outros clientes, pedem-lhe 500. Nunca ficará a saber se foi porque é negro, porque vai de sapatilhas, porque não tem o corte de cabelo certo ou porque, simplesmente, não gostaram da sua cara. Ou vai à ópera e, sem qualquer motivo, perguntam-lhe se quer pagar 240 euros quando acabaram de cobrar 12 euros por um lugar mesmo ao lado do seu. Acha normal? Aparentemente há quem ache.” – escreve Nelson Marques num artigo no Expresso.

Nelson afirma que foi a primeira vez que lhe pediram 240 euros para entrar numa discoteca. Na página da Lux Frágil há centenas de pessoas a queixarem-se do mesmo. Quase todas são estrangeiras e não percebem os critérios de alegada descriminiação.

Nelson relatada outra situação que se passou consigo noutros locais “Ao menos fiquei a saber a razão quando, em maio, na noite em que o Benfica festejava o tricampeonato, a caminho do Marquês, fui barrado à porta quando pretendia jantar no Palácio Chiado, uma espécie de praça da alimentação 'très chic', em Lisboa: eu e a minha amiga não podíamos entrar porque eu tinha uma camisola do Benfica e ela um cachecol do clube. E, há um ano, também fiquei a saber o porquê de um convite para "um casal" não poder ser usado por mim e por um amigo para entrar no Jézebel, a discoteca do casino do Estoril. "Casais desses é no Lux", respondeu, de pronto, o porteiro. "Aqui casal é homem e mulher ou duas mulheres". Curioso conceito este. Se tratam assim os convidados, como tratarão os clientes?"

Conclusão retirada por Nelson “O Palácio Chiado é um espaço que merece visita, exceto se tiver uma camisola do Benfica em dia de tricampeonato. O Palácio Chiado é um espaço que merece visita, exceto se tiver uma camisola do Benfica em dia de tricampeonato.”

O artigo termina com o relato “Naquela noite entrámos no Lux Frágil, porque uma das pessoas do grupo protestou com alguém que conhecia. Por causa disso, tivemos direito a discriminação "positiva", sem consumo mínimo, mesmo quando tudo o que queríamos era que, minutos antes, nos tivessem tratado com respeito. A discoteca estava semidesértica, o ambiente muito longe das melhores noites. Aguentámos meia hora e saímos. Por 240 euros a cabeça, o mínimo expectável era terem ressuscitado o Prince e tê-lo ali a tocar só para nós.”

Caso tenha alguma reclamação relativamente a este espaço de diversão noturna, ou outro, efectue a sua reclamação aqui

Fonte: Expresso


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