Produtos biológicos: afinal estes podem conter químicos

Investigação da revista Visão analisou mais de uma centena de alimentos que estão à venda com rótulo de biológicos. Descobriu que um em cada cinco contém químicos e até produtos tóxicos.

Produtos biológicos: afinal estes podem conter químicos

Quem efetuou as análises?

As análises foram realizadas no Labiagro, um laboratório químico e microbiológico de controlo de qualidade e segurança alimentar, especializado na determinação de contaminantes, que pertence ao Grupo ISQ. É acreditado segundo o referencial normativo NP EN ISO/IEC 17025. O Labiagro é um laboratório de referência e assegura imparcialidade, independência e confidencialidade dos resultados dos ensaios que realiza.

 

Como foi feito o estudo?

Foram analisados 113 alimentos de produção vegetal biológica, comprados pela VISÃO em sete lojas e secções especializadas de estabelecimentos comerciais, de várias marcas, com origem em Portugal, na UE e em países terceiros. Todos os produtos escolhidos, embalados ou a granel, estavam certificados como biológicos, com o selo respetivo. Não foram adquiridos produtos em mercados biológicos, diretamente a produtores ou vendedores de rua.

 

Como foram escolhidos os produtos?

A lista de produtos foi indicada pelo laboratório e escolhida tendo em conta os principais componentes do regime alimentar europeu e critérios estatísticos. De acordo com os parâmetros laboratoriais, é considerado perfeitamente representativo – a dimensão mínima da amostra foi cumprida no que diz respeito à quantidade e número de unidades.

 

O que se procurou?

As análises procuraram, através de diferentes métodos de ensaio, resíduos de pesticidas sintéticos, não autorizados na produção biológica.

 

Quais foram os principais resultados obtidos?

Entre os alimentos analisados, destaca-se uma couve com níveis de glifosato doze vezes acima do limite de segurança.

Brócolos, arroz integral, sementes de sésamo, maçãs e mesmo vinho produzido em Portugal foram outros produtos que deram positivo para a presença de pesticidas e químicos sintéticos.

No estudo foram identificados 23 tipos diferentes de químicos, entre herbicidas, fungicidas, inseticidas e pesticidas contra os ácaros. Alguns dos alimentos analisados acusavam mais do que um produto químico.

A investigação revela ainda que a origem não é uma garantia de controlo. Foram detetados químicos em produtos importados dentro e fora da União Europeia. E os que têm origem portuguesa estão mais contaminados do que a média.

27 por cento dos alimentos analisados com origem nacional continham pesticidas enquanto a média é de 18,5.

De acordo com a Visão, em Portugal há onze empresas que controlam e certificam a produção biológica mas têm de fiscalizar quase quatro mil produtores. Em 2015, o setor representava 22 milhões de euros por ano.

Este estudo mostra ainda que nas lojas e nas secções especializadas as regras nem sempre são cumpridas. Há produtos biológicos misturados com os outros, o que não é permitido por lei.

Para além disso, nas prateleiras muitos dos alimentos apresentam etiquetas que os identificam como "natural", "ecológico" ou "saudável", mas que não estão certificados com o selo verde. E por isso não está garantida a produção biológica.

Para que um alimento seja certificado como biológico, não pode apresentar qualquer vestígio de pesticidas.

 

Fonte: Visão e TSF


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