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A corrida aos supermercados tornou-se o principal desporto dos consumidores do skyr, conhecido como o iogurte dos vikings – que em Portugal só se vendia no Lidl mas agora já há no Continente.
Cláudia Bica, 24 anos, só conseguiu comprá-lo um mês depois de várias visitas à loja de Abrantes. Agarrou logo nos cinco sabores disponíveis e levou-os a todos, antes que esgotassem.
Já Patrícia Gouveia, da mesma idade, não teve tanta sorte. No Lidl do Pinhal Novo viu várias pessoas com carrinhos cheios de iogurtes mas quando lá foi, pouco depois da hora de abertura, só encontrou um. "Cheguei a perguntar a um funcionário se podia encomendar ou reservar uma caixa, mas disse-me que não", recorda a operadora fabril à SÁBADO. O único conselho que os funcionários dão é: quer skyr, venha de manhã.
O Portal da Queixa também tem reclamações:
"Chego a dirigir-me ao Lidl duas vezes por dia e a resposta é sempre a mesma: ruptura de stock", escreve Ana Tavares.
Porquê esta correria?
O iogurte, que se pronuncia skeer, chegou à Islândia na Idade Média, levado pelos vikings, e é o novo amigo de quem quer estar fit. A sua consistência cremosa é diferente da dos iogurtes normais, é praticamente isento de gordura (apenas 0,2 g em 100 g) e tem o dobro das proteínas de um iogurte magro comum. Em números: 60 calorias (metade das de um grego) e 11,1 g de proteínas em 100 gramas de produto.
A moda pegou tanto que apanhou o Lidl desprevenido. O departamento de comunicação da empresa em Portugal explicou à SÁBADO que o sucesso foi tal que "dificultou a normalização dos stocks nas lojas onde havia maior procura. Desde então a equipa Lidl tem estado a trabalhar no sentido de ajustar o stock ao nível de procura em cada loja, estando o fornecimento e a gestão deste produto praticamente normalizada."
Skyr até chega às manifestações
A nutricionista Rita Rocha de Macedo explica que o êxito deste iogurte – que muitos comparam ao queijo quark – se deve também às novas tendências alimentares. "Hoje em dia fala-se muito em aumentar a ingestão de proteínas para quem está a fazer dieta ou mesmo para os desportistas", exemplifica. A autora de A Dieta Prática é fã do skyr e recomenda-o, mas alerta que não se deve comer mais do que um por dia, para não haver uma sobrecarga de proteínas no fígado.
O skyr, com um sabor levemente amargo e mais espesso que o grego, surgiu há mais de 1.100 anos como um produto de reaproveitamento. Passamos a explicar: depois de se tirar a nata do leite, para fazer manteiga, acrescentava-se coalho animal e leite. Quando azedava, escorria-se o soro, que servia para conservar carne ou peixe, e com a matéria que sobrava fazia-se o skyr.
Este iogurte é tão tipicamente islandês que chega a ser utilizado em protestos. Quando se descobriu, nos Panama Papers, que o primeiro-ministro David Gunnlaugsson tinha bens num paraíso fiscal, os manifestantes islandeses encheram as paredes do parlamento do país, em Reiquejavique, de... skyr. É que lá não há escassez, como cá, uma vez que mais de 700 quintas na Islândia produzem skyr.
Um almoço diferente
Numa fatia de pão, com cordeiro fumado ou truta, era assim que os islandeses comiam o skyr, geralmente ao almoço. A produção (doméstica) era um exclusivo feminino, só a partir de 1920 passou a ser feita também por homens. E as utilizações aumentaram. Por exemplo, usam-no como molho, em vez de maionese, e para fazer bolos (substitui manteiga e natas).
Fonte: Sábado
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