Bertrand Livreiros - Dito por não dito

No dia 5 de setembro de 2022, comprei um livro na livraria bertrand do centro comercial La Vie no Porto, recorrendo para tal a vales de compra resultantes de uma devolução que tinha feito na mesma livraria. Naquele momento, não tinha propriamente interesse em nenhum livro ou artigo, mas os vales estavam prestes a caducar. Decidi por isso descontá-los num livro que já possuo, mas noutra edição, daquelas habitualmente menos exigentes. A ideia era averiguar se a edição que estava a comprar era uma melhor tradução da obra original. Fi-lo ciente de que, caso verificasse que o livro não correspondia à expetativa acima indicada, poderia trocá-lo, tal como já fizera anteriormente, ora por outro livro, ora por um vale com 6 meses de validade.

Pois, no dia 21 de setembro, a devolução foi-me negada na livraria bertrand do Pólo S.João no Porto. Contactei o serviço de apoio e também me negaram a devolução. Alegam que "não efetuam trocas de trocas". A verdade é que os vales que usei para esta compra foram justamente resultado disso, uma "troca de troca". Em momento algum me informaram que não poderia devolver este último livro nos 30 dias, tal como as condições Bertrand preveem. O próprio e-mail que acompanhou o recibo da referida compra indica "caso pretenda trocar algum artigo, basta que apresente o talão anexo em formato digital na livraria, dentro do prazo indicado".

Pior é que foi justamente um funcionário da livraria bertrand do La Vie no Porto que me indicou que, se eu necessitasse de prolongar a data de validade dos vales, bastaria fazer uma compra daquele valor e solicitar depois a troca dentro dos 30 dias por outro vale de compra, cuja data de validade seriam novamente de mais 6 meses.

Portanto, fui enganado nas informações que me prestaram. Fiz esta compra, salvaguardado não só pelas informações que o funcionário bertrand me prestou, como também pela minha prórpia experiência de ali ter devolvido livros, adquiridos com vales de compras, por renovados vales. Considero pois que é má-fé dizerem-me agora que não aceitam. Segundo me dizem, as condições de venda não mudaram entretanto. Se me tivessem informado, na compra deste último livro, que não poderia voltar a trocá-lo, teria então optado por outro título, um que não tivesse já, e não arriscaria esta ideia de comprar um livro repetido para apurar se conseguia uma melhor tradução.

É como um livro estar apreçado por 20 e, no momento de pagar, dizerem que "uma vez que vai levar, são 40"!

Já expus esta situação ao apoio ao cliente, já o fiz também ao responsável da livraria onde fiz a compra, mas a irredutibilidade é total. Mais do que isso, não entendo nem conseguem explicar-me o porquê da mudança de postura nos diferentes momentos de troca que ocorreram.

1. Em momento algum me informaram que não efetuam trocas de trocas.
2. Em momento algum me informaram que, desta vez, não seria como das três ocasiões anteriores em que havia realizado as ditas "trocas de trocas".
3. Em momento algum me informaram que não poderia trocar este último livro - "Assim Falava Zaratustra".
4. Em momento algum, exceto agora, realizar trocas de trocas constituiu problema para a bertrand.
5. Fui informado pela bertrand de que podia trocar qualquer livro, comprado com vale de compras, por outro vale de compras (válido por mais 6 meses).
6. Foi o que fiz por 3 vezes. A Bertrand nunca colocou objeções. Tudo batia certo com a informação que me fora dada.
7. Comprei, portanto, o livro "Assim Falava Zaratustra" com a premissa de que poderia trocar novamente, tal como antes sucedera.

8. Sobre os talões e o que neles vem mencionado.
8.1 Aceitei receber o talão desta última compra em formato digital. Obviamente, não o li, limitei-me a guardá-lo para o utilizar caso quisesse devolver o livro nos 30 dias após a compra.
8.2 Só quando fui surpreendido pela recusa desta devolução é que olhei para o talão digital que recebera. Dei conta então que a última frase nele mencionada era precisamente "Não efetuamos trocas de trocas".
8.3 Perplexo, fui procurar os talões dos livros anteriores que havia trocado. Pois, em nenhum desses talões vem mencionada aquela frase.
8.4 Perguntei-me se haviam mudado as condições de venda e, se fora este o caso, porque não me haviam informado disso na altura em que fiz esta última compra (considerando que estava a fazer precisamente uma "troca de troca").
8.5 Perguntei então à Bertrand se fora uma alteração de condições de venda. Disseram-me que não, que sempre foi assim.
8.6 Ora, aparentemente o que mudou foi apenas uma frase acrescentada de soslaio nos talões de compra e que serve de escudo a uma empresa que não precisava destas manobras.

9. Agora que tenho conhecimento desta condição de venda, propus à Bertrand permitir-me realizar uma derradeira troca, de modo a não ter de ficar com um titulo que já possuo noutra edição e que eu só escolhera por confiar que o poderia voltar a trocar, caso a minha expetativa em relação à tradução não se cumprisse.
10. A intransigência é, aparentemente, total e absoluta.

Pergunta:
Não seria mais simples, e até comercialmente recomendável, resolvermos isto com uma última e derradeira troca, estando ambas as partes inequivocamente conscientes dessa condição de troca final?

Continuo na mesma, incrédulo com esta postura de faço o que me apetece, quando me apetece. Atiraram um dado, ou avaliaram a direção do vento, e decidiram que, após uma terceira troca, deixam de permitir nova troca. O cliente que engula.