Câmara Municipal de Sesimbra - A brutalidade do ruído nesta vila

Na madrugada de 14 de Agosto, fui acordada um pouco antes das 2:00H, juntamente com os meus filhos de 2 e 5 anos (muito aflitos), por um ruído tremendo, pior que explosão ou estrondo, que nos fez acordar com dor de ouvidos. Tratava-se de uma "carrinha de samba" que andava a circular pela vila àquela hora, com os aparelhos de som num ruído tão alto que nada mais se podia passar, nem sequer conversar e acalmar os nossos filhos. Só sentíamos que nos destruíam os ouvidos e a noite que precisava de descanso para uma praia bem cedo com crianças, num primeiro andar de uma rua que é sede desta escola de samba à qual regressavam. Poder-se-ia dizer que o problema é da prepotência da escola de samba, pois tem a arrogância de assumir quando é que os outros dormem e quando se divertem e como se divertem. Mas, a presença da polícia e alguma coreografia pelos espectadores mostram hábito social e planeamento camarário. Ficámos completamente indefesos, sem ter para onde ir, com os tímpanos a arrebentar, e os nossos filhos a sofrer, como se tivéssemos numa zona de guerra. A modernidade traz alguns problemas a a países ou vilas pouco civilizadas: por um lado parece que a diversão é mais importante que o desenvolvimento infantil, a qualidade de vida, o direito ao descanso (direitos humanos) e a lei do ruído (código civil) e, principalmente, a produtividade; por outro parece que a saúde importa muito pouco, apesar do foco que lhe tem sido dado. Sabe-se que os otorrinolaringologistas já estão a preparar operações para tentarem salvar os ouvidos dos jovens no futuro - se conseguirem. - E quando somos expostos a níveis excessivos de ruído, mas brutalmente excessivos, involuntariamente? Ou mesmo voluntáriamente, pois mesmo quem gosta da música e se diverte, está a prejudicar a sua saúde e bem estar? - O problema do excesso de ruído tem a ver com necessidades corporais de sobrevivência com qualidade e bem estar, uma preocupação do futuro e de píases onde se quer respeitar os direitos humanos. É que em Sesimbra parece que se se puser a música mais baixo e mudar as horas em que a festividade acontece já náo é diversáo. Parece que só é diversáo quando é invasivo e destrói qualquer coisa ou pessoa que queria fazer algo diferente. Pergunto-me se será que a Câmara Municipal de Sesimbra vai pagar os custos dos danos causados, atuais e, principalmente, no futuro, a quem exigir indemnização por semelhantes abuso/crimes? E quais as consequências sociais deste abuso/crime? Acham que os seus habitantes e veraneantes vão tomar esta destruição dos direitos humanos como única? Não acham que isto vai permitir que cada vez mais pessoas abusem ou cometam crimes, desrespeitando os outros, desrespeitando a lei, lei esta que será cada vez mais rígida e fiscalizada? O futuro está já à porta e a Câmara terá nestas destruições da vida alheia, a sua própria destruição. Porque o prazer é curto no tempo, e a Vila, que está a iniciar o processo de perda dos habitantes que se preocupam com os outros, com a qualidade de vida, produtividade e saúde, esqueceu que o caminho dos povos é o do respeito dos direitos humanos e da liberdade do outro. Deixar Sesimbra tal como tantos outros, ou limitar de acordo com a lei a escola de samba que devia ter limites de decibéis e horas de ruído tal como consta na lei está agora nas mãos da Câmara Municipal de Sesimbra. Obrigado a todos quanto leiam esta queixa e se identifiquem... Sandra Tomás