Clube Albufeira - O conto do vigário

Corria o ano de 2006, durante umas agradáveis férias no Algarve, eu e a minha esposa somos abordados por um jovem que nos oferece uma raspadinha (afinal que é igual a todas as que o jovem oferece) que estava premiada com uma semana de férias, mas para ganhar o premio, no dia seguinte, teríamos que assistir a uma palestra de cerca de uma hora nas instalações do Clube Albufeira, situadas em Ferreiras/Albufeira (à entrada de Albufeira, após a saída da A2).
Chegados à recepção do empreendimento, no dia e hora acordas no dia anterior, fomos encaminhados para uma tenda localizada junto a uma enorme piscina, com um bonito. Era um cenário acolhedor e aprazível.
Após mais de 3 horas de "lavagem ao cérebro", conseguem-nos convencer a comprar uma semana de férias vitalícia pela módica quantia de 7600€. Porque as semanas do ano são numeradas de 1 a 52, a semana que constava do contrato era a 9 (semana do mês de março), mas o vendedor assegurou-nos, verbalmente para não ficarmos preocupados, porque a indicação da semana 9 era apenas uma formalidade, porque, desde que no mês de fevereiro de cada ano, comunicássemos que não desejávamos usufruir da semana constante do contrato e indicássemos 3 alternativas (em qualquer altura do ano) uma dela era garantida.
Até aqui tudo foram rosas, os espinhos começaram a aparecer logo no ano seguinte e foram crescendo, até ser impossível tocar nas roseiras.
Concretizando,
No ano seguinte (2007), porque me tinham sido oferecidas duas semanas extra, na segunda semanada, gozada em maio, sou abordado por um comercial da empresa, que começa por me dizer que havia um problema com a minha semana, pois eu não tinha acesso às semanas do verão. Eu fiquei espantado e disse que não tinha sido essa a garantia dada pelo vendedor. Este diz-me que ele não tinha falado a verdade e que ele sim, estava a falar a verdade e para confiar na sua palavra. Em resultado da reunião havida, este apresenta-me um proposta que alterava a minha semana da 9 para a 23 semana (finais de junho), mas teria de pagar mais 10000€. O que significava que passava a ter acesso direto a uma semana de finais de junho por 17600€!!. O que é uma exorbitância, pois para um horizonte de 30 anos, estava a pagar cerca de 800€ por um T1 em junho.
Desisti dessa proposta e nunca mais utilizei o empreendimento.
Em 2008 comuniquei, por escrito, a minha decisão de vender a semana ao Clube Albufeira. Aquando da compra foi-me garantido que em caso de revenda, a mesma seria concretizada no prazo máximo de 3 anos. Já passara quase 6 e nem um contato sobre o assunto tive. Enviam-me sim, todos os anos e mais que uma vez, cartas registadas para pagar o equivalente ao condomínio, que a Lei designa por prestação periódica, cujo o montante que reclamam já ascende a quase 2000€.
Porque sempre achei que este valor era mais um dos abusos cometidos esta empresa, decidi contestar a legalidade para exigir o pagamento da prestação periódica, pois o artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 275/93, de 5 de agosto é bem claro ao referir que "“O valor da prestação periódica pode variar consoante a época do ano a que se reporta o direito real de habitação periódica, mas deve ser proporcional à fruição do empreendimento pelo titular do direito.”. Se não usufruo do empreendimento desde 2008, entendo que nada tenho a pagar.
Já comuniquei por escrito esta minha decisão, mas nunca obtive resposta.
Deixo um conselho, não se deixem levar pelo conto do vigário quando forem abordados para compra de semanas de férias, porque nada do que vos prometem é cumprido e o dinheiro que dispendem na sua aquisição, acaba por ser dinheiro que é literalmente deitado fora