Fidelidade Mundial - Não significa ter assistência em caso de lesão!!

Sou praticantes de artes marciais há muitos anos. Tenho 11 anos de treino regular de Taekwondo, 5 de treino de Karate e 3 anos de Jiu-Jitsu Brasileiro. Sou também instrutor de Taekwondo e orgulho-me de ter aproximadamente 30 alunos que confiam em mim para os ensinar em segurança.

Para cada uma destas artes marciais pagava em média 30 euros por ano para a inscrição associativa e seguro desportivo OBRIGATÓRIO. Nunca me lesionei a sério e nunca, neste tempo todo, tive necessidade de activar o seguro.

Infelizmente, como dou o máximo em todos os treinos, chegou o dia em que fiz uma lesão grave no joelho direito. O meu ligamento cruzado anterior rompeu e o médico disse-me que preciso de uma reconstrução do mesmo, cirurgia essa que tem um valor de aproximadamente 3500 euros.

Ora, inocentemente não prevendo qualquer problema, pedi ao instructor para activar o seguro e foi nesse momento que a responsabilidade começou a ser passada de mão em mão como se de uma batata quente se tratasse.

Antes de entrar em mais detalhes, este texto tem como objectivo alertar os desportistas em geral, mas também em específico as pessoas com relação com as seguintes entidades:

1) Clube Português de Karate
2) Fidelidade Mundial
3) M Pessoa Mediação de Seguros U Lda



O ACIDENTE, A ACTIVAÇÃO E A VERDADE

Após a lesão, efectuei uma primeira consulta e o médico pediu-me uma ressonânica magnética, que para quem não sabe, tem um valor de €275 a €350. Pedi então ao instrutor para activar o seguro e questionei-o sobre as clínicas com protocolo com a seguradora para eu poder efectuar a ressonânica. O instrutor disse que não tinha conhecimento e encaminhou-me para o mediador (M Pessoa Mediação de Seguros U Lda).

O mediador, quando questionado sobre a existência de uma clínica disse que não havia protocolos e o seguro funcionava por reembolso. Eu tinha que ter o dinheiro para os tratamentos, e só depois, se eles aprovassem, então devolviam o dinheiro gasto... Logo ali, foi o meu primeiro choque porque comecei a prever o pior...
Questionei de imediato se não achava que isso fazia com que o seguro fosse inútil para os casos mais sérios, se a pessoa não tivesse capacidade financeira para adiantar as despesas. Para isto a resposta foi simples e desprovida de qualquer moralidade: - É assim que funciona há muitos anos.

Não sabia que era preciso ser rico para praticar Karate... Agora já sei!

Engoli em seco e, apesar do esforço financeiro, paguei a ressonância e a consulta do meu bolso. O exame explicou logo a instabilidade no joelho, o meu ligamento cruzado anterior tinha rompido, motivo pelo qual não tinha estabilidade. O médico, conhecendo os riscos e sabendo que sou instrutor, recomendou-me uma cirurgia de aproximadamente 3500 euros para reconstruir o ligamento cruzado anterior.

"3500 euros... mesmo que eu pudesse pagar algo desse género sem ter que pedir um empréstimo... e se a seguradora depois não paga? Como faço agora?", pensei eu...

Voltei a falar com o mediador, e a resposta foi a mesma. Acrescentou que no passado tinham existido 6 casos idênticos, e só no caso de uma criança é que abriram excepção.


2ª TENTATIVA COM A MULTICARE

Lembrei-me então que tinha um seguro de saúde que cobria internamentos. O seguro é da Multicare, empresa que pertence ao grupo Fidelidade Mundial... SIM, o mesmo grupo do seguro desportivo! A vantagem do Multicare é que tem protocolo com clínicas e eu não teria que ter capacidade financeira elevada para me tratar.

Fui honesto e disse que o acidente tinha sido feito em prática desportiva e que era federado, porque é obrigatório! Disseram-me então que o seguro não cobria porque eu era federado! Teria que tratar com a empresa seguradora do seguro desportivo (isto é, provavelmente o colega da secretária ao lado...).

A minha última gota de paciência evaporou.

Se fosse burlão como eles e tivesse contado outra história qualquer, tinha-me safado. Na escola não me ensinaram que ser honesto não compensa, agora já sei!


RECLAMAÇÃO À FIDELIDADE E AO CLUBE PORTUGUÊS DE KARATE

Telefonei à Fidelidade e expliquei a situação.

Antes de mais, disseram-me que o acidente ainda não tinha sido participado. Nem queria acreditar! Respondi ao atendimento ao cliente que iria questionar o CPK sobre o assunto.

Mas perguntei o que se podia fazer. Logo, a senhora que atendeu tentou, como é normal, passar a batata quente para outro, pedindo que enviasse uma carta com a reclamação e que ela não podia fazer nada porque era do atendimento ao cliente...

Juro que senti azia nesse momento... Então, expliquem... para que serve o atendimento ao cliente, senão para dar resposta às questões e reclamações do cliente?? Se calhar é só para queimar dinheiro no telefonema em si.

A minha resposta foi clara: - Esta chamada está a ser gravada, a reclamação está feita e eu estou farto de burocrácias, o atendimento ao cliente só tem que registar e resolver!

Telefonei de seguida para o CPK. Após explicar a situação, recebi a seguinte resposta com muita naturalidade (resumindo):

1) O seguro é mesmo assim
2) Sempre foi assim
3) O 1) e o 2) justificam só por si, que tudo continue na mesma!

Porque a participação não foi feita... Pois, isso ainda não souberam dizer! Depois tenho que actualizar!


COMO EU VEJO AS ATITUDES DE CADA UMA DAS PARTES

Do Clube Português de Karate:

Custa entender como os mestres do CPK, responsáveis pelo bem estar dos associados continuam a vender este tipo de seguro aos seus associados, mesmo sabendo que não funciona quando é necessário!

Talvez porque o seguro seja apenas 5 euros e a taxa associativa seja de 30 euros? Assim sempre sobra mais dinheiro!

Afinal de contas, se 2279 atletas têm o seguro, o custo do mesmo fica em 11.395 euros por ano. E o CPK guarda da inscrição associativa uma módica quantia de 56.975 euros por ano. Informação retirada da apólice do seguro.

Pois, é sempre bom ter dinheiro para pagar estágios com mestres do estrangeiros ou levar atletas a provas. Fica bem no jornal! Pena que os media não dêem atenção aos praticantes que ficam lesionados para a vida por falta de assistência médica, mesmo tendo pago seguro desportivo que, supostamente é obrigatório para prevenir essas mesmas situações!


Do mediador:

Não se importa de vender produtos inúteis. O que interessa é ver o dinheiro a entrar.


Da Fidelidade Mundial:

É o negócio perfeito, vende seguros que na prática não dá para usar a menos que se seja rico! Considerando o contexto actual, não vão ser muitos que podem lidar com situações destas.
Não só isso, como os vende facilmente porque a lei obriga os atletas federados a ter esses mesmos seguros.

No entanto, a Fidelidade tem outros produtos como o Multicare que por acaso permite o uso de clínicas colaboradoras... incompreensível! Quer dizer, se olharmos para a Fidelidade Mundial como empresa burla, até passa a fazer muito sentido!

Algo bem triste é que se eu não fosse federado, o Multicare aparentemente cobria o acidente desportivo! No fundo, e para o meu caso, a obrigação do seguro desportivo teve como consequência que eu não possa ter assistência médica. Dá que pensar.


CONCLUSÃO

Ter seguro desportivo não significa ter assistência em caso de lesão.

Todas as partes me disseram que lamentavam a situação. Isso para mim, vale zero! E digo porquê: - Se criaram a situação e a continuam a apoiar não procurando solução honesta, não vale a pena derramar lágrimas de crocodilo por mim.

Estou farto da falta de moral e da presença destas burlas em Portugal que ainda por cima, têm a benção do estado. Não sou de ir sem lutar contra as injustiças e enquanto a seguradora e o CPK não assumirem a responsabilidade, irei dar a conhecer esta situação e alertar toda a gente a quem eu conseguir chegar. Apenas ficarei satisfeito quando o primeiro resultado da pesquisa no Google por "Fidelidade Mundial", "M Pessoa Mediação de Seguros U Lda", "CPK" e "Clube Português de Karate", for este texto!