Em Junho deste ano descobriu-se que sofro de uma doença crónica e em Outubro obtive o diagnóstico final na consulta de Neurologia do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada: Esclerose Múltipla (EM) tipo surto remissivo com EDSS 4 a (4-4,5-5). A EM caracteriza-se, em termos genéricos, por uma degradação ou perda da bainha molecular que envolve os neurónios (mielina) causando deficiências sensitivas (como visão borrada), dificuldades de coordenação, problemas de marcha e dificuldades nas funções corpóreas (por exemplo, controle insuficiente da bexiga). A EDSS (Expanded Disability Status Scale) define o grau de incapacidade numa escala de 10 em que o máximo corresponderá à perda total de autonomia do paciente que ficará acamado em permanência. É de tipo surto, ou crise, remissivo, ou de recuperação, com tendência a agravar-se progressivamente pela maior frequência e virulência dos sintomas, se não for adequadamente medicada (o medicamento é prescrito pelo neurologista e só pode ser fornecido, gratuitamente, por uma farmácia hospitalar). No passado dia 21/11/13, ao início da tarde, surgiu um surto em que às náuseas, tonturas e desequilíbrio habituais, se juntaram fortes espasmos na zona superior do tronco. Contactei o serviço de Neurologia que me aconselhou a dirigir-me às urgências do HGO. Ainda perguntei se, estando em Lisboa, não poderia dirigir-me a um qualquer hospital da zona, mas fui informado de que essoutro hospital me aconselharia a dirigir-me ao HGO por ser a unidade da área de residência. Cheguei às urgências do HGO cerca das 16 horas; até chegar à triagem, o processo foi célere, mas quando o enfermeiro foi questionado sobre se demoraria muito disse não fazer ideia o que, sendo lógico, pela forma desprendida como o afirmou não me deu grande conforto. Adiante. Cinco horas e meia depois, portanto cerca das 21h30, fui finalmente visto por um médico. Durante todo esse tempo, os espasmos manifestaram-se em ondas sucessivas. Perante o quadro, o médico constatou que àquela hora já não estaria qualquer neurologista no HGO, pelo que a solução seria dirigir-me ao Hospital de Santa Maria. Felizmente, um amigo meu prontificou-se para me lá levar, porque se ficasse à espera de ambulância seriam certamente mais cinco horas e meia. Cheguei a Santa Maria cerca das 23 horas. Entre a admissão e a consulta com o neurologista, decorreu cerca de uma hora, tempo mais que aceitável. Fui medicado com uma injeção intramuscular para acalmar os espasmos e o médico deu instruções para me dirigir no dia seguinte, 22/11/13, ao HGO a fim de receber um "tratamento de choque" com a duração de cinco dias ou então iniciar o tratamento prescrito pela médica que fez o diagnóstico. Saí de lá cerca das 00h00, com indicação de ir para casa descansar. Hoje cheguei ao HGO cerca das 11h00 e dirigi-me imediatamente ao serviço de Neurologia onde apresentei a carta do médico do HSM pedindo para iniciar o tratamento; fui informado que ou esperava que a Dra. Irene regressasse na segunda-feira ou seguia os trâmites normais dando entrada nas urgências, com exclusão de qualquer outra possibilidade. Cheguei às urgências do HGO cerca das 11h30 do dia seguinte. Mais uma vez foi tudo rápido até chegar à triagem. A enfermeira de serviço ainda contactou o/a neurologista para o/a convencer a aceitar o caso uma vez que já lá tinha estado no dia anterior pelo mesmo motivo. Debalde. Não se pode, em circunstância alguma, furar o protocolo. Só me restou aguardar mais cinco horas. Quando finalmente fui visto por uma médica, a minha esposa que me acompanhou já tinha obtido informação junto da farmácia do hospital de que a prescrição do medicamento para a EM já tinha sido autorizada mas que aguardava que a médica elaborasse o receituário. A médica das urgências ainda foi falar com o/a neurologista de serviço para que fosse desbloqueado o assunto, mas, dado que a médica assistemte teria regresso previsto para a segunda-feira seguinte, ninguém quis assumir a responsabilidade, o que me leva a pensar que, se por azar do destino, ela não regressar, ficarei sem medicação. Conclusão: dois dias de trabalho perdidos por mim e pela minha esposa, dinheiro gasto na emergência dos transportes e tudo redundou em nada. Pelo menos o surto lá passou. Deixei participação no Livro de Reclamações. Hoje, 25/11/13, já tentei entrar em contacto com a Neurologia do HGO mas, após mais de dez minutos a chamar, ninguém atendeu o telefone.
Após a minha participação no Livro de Reclamações, o Hospital procedeu a uma revisão de procedimentos, verificando serem necessários alguns ajustes naquele serviço, os quais foram efetuados. Noto que certa arrogância, talvez apenas aparente, de alguns funcionários desapareceu.
Voltaria a fazer negócio? Sim
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