Começo já por estranhar ter que reclamar sobre os serviços de um hospital, como se se tratasse da compra de um aspirador com defeito... São totalmente desadequadas as opções possíveis para os motivos da reclamação, tal como as referências possíveis.
Sem mais rodeios, venho reclamar do mau serviço que o Hospital José Joaquim Fernandes prestou ao meu pai, uma pessoa de 86 anos! A passar uma temporada em Vila Nova de São Bento (Serpa), para "fugir da Covid-19", que está muito activa na Amadora, o meu pai sentiu-se mal no domingo, 27 de Setembro, tendo sido transportado de ambulância para o Hospital de Serpa. Prestados os primeiros socorros foi transferido para Évora, para o serviço de cardiologia, onde foi muito bem atendido, tendo sido avaliado e encaminhado para colocação de pace-maker. Na segunda-feira 28 foi realizada a cirurgia e tudo correu bem. Como o meu pai tem mobilidade reduzida e necessita de apoiar-se em duas canadianas para se deslocar, e vive sozinho com a minha mãe, de 81 anos, e também ela com pace-maker e vários problemas de saúde, não poderia regressar a casa antes de recuperar a autonomia, ou seja, antes de passar pelo menos uma semana sobre a cirurgia, porque até lá não poderia fazer força no braço esquerdo. No dia seguinte, a minha mãe foi informada que o meu pai seria transferido para o Hospital de Beja, para os cuidados continuados, onde ficaria a recuperar. É verdade que o meu pai saiu de Évora para Beja, mas não ficou no hospital. Foi mandado para casa, onde a minha mãe não estava, por serem já perto das 20 horas e ter já saído para dormir em casa de uma prima minha, para não passar a noite sozinha em casa. Eis que lhe telefonam os bombeiros a informar que estavam à porta de casa para deixar o meu pai. E assim foi. Ficou o meu pai, com 86 anos, pesando cerca de 80Kg, 24 horas depois de colocar um pace-maker, incapaz de se deslocar, aos cuidados da minha mãe de 81 anos, também com pace-maker, com várias doenças, entre elas a hipertensão arterial e a diabetes e sendo uma mulher de 1,50m, pesando cerca de 50Kg. Nada disto foi tido em conta, ninguém em Évora se incomodou a confirmar se estavam criadas no Hospital de Beja condições para receber o meu pai, ninguém sabia que ele não tinha ficado internado. Em Beja ninguém se importou em avaliar se o meu pai tinha suporte em casa e se era indicado ser "despachado" de imediato. Enfim, uma completa desorganização e uma falta de humanismo e até de responsabilidade, porque se a minha mãe não tivesse atendido o telefone, coisa que acontece muito, porque tem bastante falta de ouvido, não sei o que fariam com o meu pai. Infelizmente, tanto eu como o meu irmão vivemos fora de Portugal e não conseguimos dar suporte quando surgem estas situações. Considero bastante grave o que sucedeu, pois não só colocou em risco sério o meu pai, como gerou uma péssima sensação de dependência e de ser um estorvo, indesejado e descartado sem qualquer respeito por aquilo que são os direitos de uma pessoa que trabalhou a vida inteira e contribuiu para um sistema que deveria agora prestar-lhe os cuidados de que necessita e que não deviam ser-lhe negados.
Idêntica reclamação seguiu para o Hospital do espírito Santo, em Évora, porque considero que as responsabilidades devem ser repartidas, porque a comunicação entre os dois hospitais falhou e o utente é que ficou prejudicado.
Data de ocorrência: 4 de outubro 2020
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