Hospital José Joaquim Fernandes
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Hospital José Joaquim Fernandes - Negligência médica

Sem resolução
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Ana Rita Mestre
Ana Mestre apresentou a reclamação
22 de maio 2022
No dia 16 de Abril do presente ano, por volta das 22h28 (não sei precisar exatamente), o meu irmão Tiago André Emídio Mestre deu entrada nas Urgências do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, com aquilo que nós todos achávamos ser apenas excesso de bebidas alcoólicas ingeridas. O Tiago tinha também caído três vezes durante a tarde desse dia - o que já era motivo de preocupação para nós. Foi-nos dito nessa mesma noite de sábado que o meu irmão teria de fazer um género de uma lavagem ao estômago e portanto, à partida, só teria alta no dia seguinte.
No domingo de manhã, a minha mãe dirigiu-se novamente ao Hospital convencida de que traria o meu irmão de volta para casa - tal não aconteceu.
Quando o viu, o meu irmão não se conseguia mexer e também não conseguia falar. É de realçar, desde já, que durante a madrugada inteira de domingo (17.04.2022), nenhum responsável médico do Hospital de Beja foi capaz de nos ligar a informar que o meu irmão não estava bem. É também importante referir que a minha mãe, Fernanda Mestre, deixou o número de telemóvel no Hospital e avisou de forma clara que estaríamos contactáveis a qualquer hora caso existisse alguma alteração de importância a registar em relação ao meu irmão. Para começar, é absolutamente surreal como é que depois de pedir expressamente que lhe ligassem caso alguma coisa de grave se estivesse a passar, a minha mãe não foi avisada de que o meu irmão, um Homem de apenas 30 anos, que sempre andou e falou sem qualquer dificuldade a sua vida inteira não conseguia agora fazer nem uma coisa nem outra.

De dia 16 a 19 de Abril, a meu irmão passou três dias e três noites deitado numa maca no meio do corredor do SO das Urgências do Hospital José Joaquim Fernandes. Durante esses três dias e essas três noites, o meu irmão não conseguiu descansar nada e apesar de ter melhorado ligeiramente *reforce-se: muito ligeiramente* a voz, continuava sem conseguir articular palavras e continuava também sem qualquer coordenação motora tanto nos membros superiores do corpo como nos inferiores. O meu irmão não conseguia sequer pegar numa colher sem tremer, e sem perder a força, para, por exemplo, fazer as suas refeições e tinha, claro, uma dificuldade imensa em mastigar e engolir a comida e para beber água. O meu irmão engasgava-se com o PRÓPRIO AR. No relatório clínico foi escrito e repetido múltiplas vezes que o meu irmão se “recusava” a comer, o que é pura MENTIRA: o meu irmão não podia nem recusar, nem consentir fazer algo que efetivamente não conseguia fazer. O meu irmão NÃO CONSEGUIA comer, logo é impossível ter-se recusado a fazer o que quer que fosse.
Também foi escrito no relatório clínico que o meu irmão urinou na fralda que tinha vestida, mas convenientemente esqueceram-se de referir a razão pela qual isso aconteceu: o meu irmão chamou, e chamou, e chamou, e chamou, e ninguém, repito ninguém, foi ter com ele para que o ajudassem a deslocar à casa de banho. Portanto, sem qualquer outra alternativa que restasse, o meu irmão urinou sim na fralda.
Foi-nos também dito múltiplas vezes que o meu irmão tinha um género de uma bolha de sangue no cérebro, mas que essa mesma bolha não estaria a pressionar nenhuma zona cerebral que levasse a que ele não conseguisse falar nem andar. Aliás, passado três dias essa bolha estava mesmo a desaparecer e portanto não representava qualquer perigo.

Mas o pior estaria ainda por vir: no dia 19 de Abril, terça-feira, o meu irmão sem que nada o fizesse prever teve alta hospitalar.
Volto a relembrar: o meu irmão, um Homem de 30 anos que foi saudável a sua vida inteira e de um momento para o outro deixou de andar e falar, teve alta hospitalar como se apenas se tratasse de uma simples fractura no braço ou na perna.
Quando me dirigi ao Hospital para o ir buscar, o médico que lhe deu alta passou-me o relatório clínico para as mãos e apenas me soube dizer “a informação relativa ao seu irmão está toda ai no relatório, qualquer dúvida pode ler”. Imediatamente pedi que me dessem os cd’s com as TACS que lhe realizaram pois já tinha marcada para o dia seguinte - quarta-feira, 20.04.2022 - uma consulta com a Doutora neurocirurgiã Alexandra Adams no Hospital Particular do Algarve nas Gambelas.

No dia seguinte, levei o meu irmão ao Hospital Particular do Algarve e bastou à Dra. neurocirurgiã Alexandra Adams olhar uma só vez para o meu irmão para perceber que ele não estava bem e alguma coisa de muito grave se passava com ele. As conclusões foram óbvias: o meu irmão para além de não conseguir falar e nem andar, não tinha qualquer coordenação motora, tinha ainda dificuldade em mastigar e engolir comida e ou beber água. Resumidamente: o meu irmão dependia da nossa ajuda para fazer tudo, para fazer a sua higiene, para comer, para se mover, tudo, era como se fosse um bebé a aprender tudo pela primeira vez. A Dra. solicitou logo duas ressonâncias magnéticas de urgência - uma à coluna e outra ao cérebro. Devido ao elevado número de pacientes, só conseguimos fazer a ressonância magnética já na meia noite de dia 21. Saímos do Hospital das Gambelas por volta da 1h (e pouco) da manhã.

No dia seguinte, 21.04.2022, a Dra. Alexandra Adams ligou logo às 9h e pouco da manhã a avisar que já tinha visto o resultado das ressonâncias. Informou-me que o meu irmão tinha uma lesão grave no tronco cerebral e que precisava urgentemente de ser admitido num Hospital Central pois corria o risco de criar edema e, claro, falecer.
Nesse mesmo dia 21 de Abril, o meu irmão deu entrada no Hospital de São José em Lisboa. Foi visto e avaliado pela equipa de Neurologia e mais tarde, julgo ainda nessa noite, internado na Unidade de Neurologia do Hospital dos Capuchos.
Desde dia 21 de Abril a 9 de Maio ficou sempre internado no Hospital dos Capuchos, tendo repetido ressonâncias magnéticas, tendo feito uma biópsia à medula óssea e uma múltiplos exames e análises para que se pudesse determinar o que estava a causar a perda da fala e dos movimentos do meu irmão.
No dia 10 de Maio foi transferido para o Hospital Curry Cabral, também em Lisboa, onde, aliás, ainda se encontra internado na Unidade de Medicina Física e Reabilitação para que possa frequentar uma fisioterapia mais intensa.

Ainda não se conseguiu apurar a fundo as causas da condição do Tiago, há inclusive análises que tem de ser realizadas num laboratório fora do Hospital de São José e portanto essas, logicamente, demoram mais tempo. Suspeita-se que seja uma doença que já estava com ele há mais tempo e que só agora, de forma que ainda não se sabe explicar muito bem, se manifestou assim.

Tanto do Hospital de São José, como do Hospital dos Capuchos, como agora do Hospital Curry Cabral, - e de todos os profissionais de saúde que cruzaram e cruzam a jornada do Tiago nestes três lugares - não tenho qualquer reclamação a fazer. Muito pelo contrário! Apenas tenho a apontar elogios e a agradecer, do fundo do meu coração, por toda a simpatia, disponibilidade, seriedade, profissionalismo e por nunca, em momento algum, desistirem do meu irmão.
Porque aquilo que aconteceu no Hospital José Joaquim Fernandes em Beja foi mesmo isso: DESISTIRAM do meu irmão. Desistiram porque “não há meios suficientes”, porque “cada vez chegam mais doentes em macas” ao mesmo corredor onde estava o meu irmão, porque “a situação do covid” estava novamente a piorar. Eu estou bem informada quanto à falta de meios e condições de que sofre o Hospital de Beja mas em momento algum isso deve ser desculpa para que se abandone um doente nas condições em que o meu irmão estava!
Foi mesmo escrito no relatório da alta do meu irmão que e passo a citar: “De momento, nada indica que tenha lesões.”. E eu pergunto: como é que é possível? Como é que é possível que os mesmos profissionais que fizeram o Juramento de Hipócrates abandonem desta forma um doente e o deixem entregue à sua própria sorte? O meu irmão está hoje VIVO porque a sua família, NUNCA, em momento algum, desistiu dele. Ficar em casa à espera da consulta de Ortopedia (como se o meu irmão tivesse algum osso partido???) que ficou marcada no Hospital de Beja para o dia 10 de Maio, e mais tarde foi adiada para o dia 11 de Maio, seria condená-lo à morte. Felizmente, conseguimos que em Lisboa recebesse os melhores cuidados possíveis (e, pasme-se, num Hospital Público que também carece de investimento (certamente não tanto como o de Beja, claro)!) e, por isso, o meu irmão continua cá connosco. Ainda está a anos luz do que era, mas pelo menos está cá!

Apresento esta queixa porque estas situações NÃO PODEM continuar a acontecer. É literalmente a vida das pessoas que está em causa e não se pode continuar a tratar estes assuntos de forma leviana e a justificar pura negligência médica com as desculpas de que “não há meios”, “não há investimento”, “não há condições”. Porque, efetivamente, não há muitas vezes o que acabei de enumerar, mas não é nenhuma dessas coisas que dita o carácter e o profissionalismo de alguém - ou pelo menos não devia ditar. Porque quando dita há doentes que podem pagar com a própria vida. Felizmente, não foi o caso do Tiago. Podia ter sido. O Hospital precisa de reconhecer e assumir tudo aquilo que aconteceu!

Em anexo apenas envio a alta hospitalar do Hospital de Beja ao meu irmão. Por algum motivo que desconheço, não estou a conseguir anexar mais nada. Estou disponível para ser contactada a qualquer hora para me solicitarem os documentos que provam que está internado em Lisboa desde dia 21 de Abril.

Com os melhores cumprimentos,
Ana Rita Mestre
Esta reclamação tem um anexo privado
Data de ocorrência: 16 de abril 2022
O Gabinete do Cidadão da ULSBA acusa a receção da reclamação em epígrafe em 23/05/2022.
Estão em curso os procedimentos para o seu tratamento.
O GC da ULSBA enviou à participante ofício respeitante ao relatado em 27/06/2022.
Ana Mestre
27 de junho 2022
Agradeço o envio do e-mail a informar a abertura de inquérito, no entanto não darei nada por concluído até saber o resultado desse mesmo processo.
Boa tarde.
De acordo com o referido no ofício enviado, V. Exa. será notificada da conclusão do PI e deliberação sobre o mesmo.
Obrigada.
Com os melhores cumprimentos,
Gabinete do Cidadão da ULSBA, E.P.E.
De acordo com o averiguado, PI ainda a decorrer.
Com os melhores cumprimentos,
Gabinete do Cidadão da ULSBA, E.P.E
Ana Mestre
10 de agosto 2022
Agradeço a atualização e aguardo pacientemente o desfecho do processo!

Com os melhores cumprimentos,
Ana Rita Mestre
Ana Rita Mestre
Ana Mestre avaliou a marca
6 de outubro 2023

O Hospital de Beja mais uma vez no seu melhor! Depois de expor o sucedido aqui no Portal da Queixa, e nas redes sociais, depois de apresentar todos os documentos provenientes dos Hospitais em Lisboa onde o meu irmão foi tratado, e que comprovavam claramente a negligência por parte do Hospital de Beja, eis que ao abrigo das amnistias provenientes da visita do Papa a Portugal o Hospital decide concluir o processo interno que abriu sem qualquer consequência para o médico que deu alta ao meu irmão alegando que ele não tinha qualquer tipo de problema de saúde. Volto a relembrar que o meu irmão, um homem de 30 anos, até então sempre saudável, teve alta do Hospital de Beja sem conseguir andar e falar, engasgando-se com o próprio ar. Enfim, parabéns pelo péssimo serviço que lá prestaram ao meu irmão e que lhe podia ter custado a vida e parabéns pela falta de capacidade de reconhecer os erros! Não morrem mais porque realmente “não calha”. Uma vergonha para o distrito de Beja!

Esta reclamação foi considerada sem resolução
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