No dia 12 de Setembro de 2019, na praia da Fonte da Telha, fui insultado por um nadador salvador que faz serviço na praia do Bar Kailua.
Fui neste dia fazer surf nesta praia e depois de calmamente ter vestido o fato à beira mar enquanto inclusive falava com um senhor mais velho acerca das curiosidades de estar a colocar o "leash" no pé e em geral todo o aparato de vestir e fechar o fato, o que fez com que este processo demorasse mais tempo do que já normalmente demora, entrei dentro de água e comecei a remar, não estava praticamente ninguém a tomar banho pois a água estava fria e as ondas a quebrar mesmo à beira bar com a maré cheia, só mesmo de vez em quando entrava uma série de ondas um pouco mais fora. Ainda não tinha chegado à zona da rebentação destas esporádicas séries de ondas e apercebi-me de que um nadador salvador estava a apitar, o meu primeiro instinto foi olhar à minha volta e ver se via alguém em apuros e a precisar de ajuda, obviamente não pensei logo que era par mim, pois tal nunca me aconteceu. Mais um minuto ou dois e apercebo-me de que o apito é para mim.
Vejo as duas bandeiras de localização da zona de banhos e deduzo que o mesmo quisesse que eu saísse desta dita zona, começo a remar para o lado, mas apercebo-me de que não ía ser suficiente pois neste momento já outro nadador salvador estava também a fazer sinal, nitidamente para mim, pareciam exageradamente agitados. Eu faço sinal de que ía remar para a zona oposta à Fonte da Telha ao que o nadador salvador responde a gesticular simplesmente chamando-me.
Eu comecei a remar de volta para terra até que o alcancei a beira mar.
Cumprimentou-me com um boa tarde e logo de seguida começou a enumerar as leis que proíbem e limitam a utilização da praia para fins recreativos onde sejam usadas pranchas e outras coisas semelhantes. Podia me ter simplesmente pedido para sair daquela zona, já me disseram para evitar esta ou aquela zona mas lerem-me os direitos assim nunca me tinha acontecido.
Não foi nada agradável a sua atitude e deu a entender que em vez de me estar a informar de algo me estava a repreender como se algum crime eu tivesse cometido.
Uma hora depois estavam pelo menos 10 pranchas exatamente no mesmo sitio em questão... eu não trabalho neste tipo de prestação de serviço e como tal não sei quais os critérios.
Apesar de este nadador salvador ter uma atitude muito inconveniente e alguma falta de boas maneiras estava a fazer o seu trabalho e eu também respeito isso como acho que todos devemos e gostamos de ser respeitados, mais ainda quando estamos a trabalhar e a fazer um trabalho tão importante como este em causa.
Como tal, no fim do seu discurso eu pergunto "então onde é que eu posso entrar? Lá em baixo?", ele diz-me que sim, "Sim, a seguir ao Bar Bambú", eu digo: "Okay, eu vou para lá" ele diz simplesmente, "Vai vai, vai para o c@ral#o"
Eu nem acreditei...estava neste momento outro nadador salvador mais velho que este em questão próximo de nós e também ouviu, eu acho que ele inclusive ficou envergonhado, mas não mais do que eu...
Eu tenho muito respeito pelo mar e pelas pessoas que com ele trabalham, apanho ondas à cerca de 30 anos e também salvei a vida a algumas pessoas, eu e muitos outros com as ditas embarcações. Tive amigos muito próximos que trabalharam como Salvadores e eu não podia ter mais orgulho neles. Já meti a minha vida em risco para salvar outras, nunca antes o disse desta maneira pois nunca achei que tenha feito algo que o próximo não fizesse também, com a maior das humildades reconheço perante o mar a minha insignificância.
Este rapaz, não tem o caráter necessário para trabalhar numa profissão nobre como esta.
Podia até a seguir ter pedido desculpa por se ter exaltado ou o que quer que fosse, mas não, quando o confrontei e lhe perguntei o que tinha acabado de dizer, disse-me simplesmente que eu percebi mal..na cara do outro senhor via-se bem a preocupação de quem estava a presenciar uma situação delicada e que ele estava nitidamente a meter o "pé na poça".
Se eu, em vez de escrever isto aqui agora tivesse tentado falar com a capitania esse rapaz podia se calhar ter alguns problemas na sua carreira, que mais uma vez devia de ser exercida por pessoa de forte caráter e de integridade invejável.
É muito triste.
Uma hora depois estavam naquele mesmo sitio 10 pranchas e mais de 30 pela praia toda, (nada de surpreendente pois é assim todos os dias) eu sei porque depois de sair levei uns 15 minutos a caminhar à beira mar até chegar ao sitio onde originalmente entrei, sitio este onde tinha as minhas coisas.
Podiam-me ter logo dito algo assim que me viram á beira mar a vestir o fato, ou até a caminhar em direção à água com o fato até à cintura e uma prancha por debaixo do braço.
Foi para mim nitido o intuito de dar algum espetáculo e mostrar autoridade, neste caso uma tentativa de abuso da mesma, uma tentativa que até teve sucesso não estivesse eu agora aqui a queixar-me de bulling por parte de um rapaz que um pouco mais tinha idade para ser meu filho, muito triste.
Arrependi-me um pouco de não me ter dirigido mais tarde ao seu concessionário, mas eu fui para a praia para me divertir e na altura não me pareceu a melhor coisa a fazer e tentei esquecer o sucedido.
Infelizmente não me consegui esquecer, estragou-me o dia, pelos vistos até a noite.
Apanho ondas à muitos anos como em cima referi, estive privado de fazer surf por várias vezes pois a vida não são só prazeres mas também às vezes alguns dissabores. Estou agora completamente recuperado de uma cirurgia ao coração, de peito aberto. Tenho um duplo bypass nas coronárias, foi esta a segunda intervenção cirúrgica que tive.
Este rapaz merece a oportunidade de pelo menos ler isto, ter a chance de se tornar uma pessoa melhor, não só como nadador salvador mas mais que isso como ser humano.
Data de ocorrência: 13 de setembro 2019
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