Esta reclamação advém de uma experiência no âmbito profissional/empresarial, no entanto demonstra aquilo que poderá ser a ponta do icebergue numa prática de burla amplamente praticada, com a facilitação da MEO.
Recebi no dia 21/01/2019, pelas 19:51, um contacto telefónico do seguinte número: 225 075 100
O contacto foi feito para o meu nº de telemóvel, que consta como número de contacto primário na nossa conta de cliente empresarial MEO.
O individuo que me contactou iniciou a conversa de forma pouco profissional, não se apresentando; quando lhe pedi que se identificasse, informou que era um operador do apoio ao cliente da MEO, mas não deu o seu nome; também não pedi especificamente.
O indivíduo em causa listou todos os contratos de fibra que temos com a MEO, especificou exatamente os tarifários, as datas de celebração dos contratos, os períodos de fidelização dos mesmos, as moradas exatas de cada um, e informou que em dois deles (morada X e morada Y) não estávamos a usufruir da velocidade contratada – segundo ele teríamos contratado um serviço de 100/100, o que é verdade, mas apenas estaríamos a usufruir de 100/10. Achei estranho porque lembro-me perfeitamente de termos contratado velocidades 100/100, até tenho vaga ideia de ter testado as velocidades e estarem de acordo com o que tinha sido contratado.
O indivíduo continuou, dizendo que teria que marcar a deslocação de um técnico ao local para fazer o upgrade das velocidades. Como sei que não é assim que funcionam os upgrades de velocidade, questionei mais sobre esse processo. Foi me dito que, infelizmente é assim que funciona, o técnico tem que ir ao local para reconfigurar as velocidades corretas no router (lol). Inicialmente fui informado que não haveria qualquer custo nem alteração à fidelização, o que viria a ser contradito mais adiante. Eventualmente o indivíduo pediu autorização para gravar a chamada, pediu que confirmasse o NIF completo da empresa, “começado por 5XX e acabado em X”. Confirmei o NIF, e enquanto ele ia esclarecendo alguns high-lights comerciais, fiz um teste de velocidade às linhas das moradas X e Y – ambas tinham 100/100. Informei o sujeito de que deveria haver um engano porque tínhamos as velocidades corretas. Ele soltou um sorriso nervoso e disse “Ai tem?! Mas olhe que aqui no nosso sistema diz que não, portanto o técnico vai mesmo ter que ir ao local para corrigir isto… tem mesmo que ser”.
Continuou a falar até que chegou ao ponto de me informar que em termos de custos e contrato iria ficar tudo igual, iriamos ficar a pagar os “mesmos” €YY,YY / mês, e que a fidelização ficava com “os mesmos 24 meses, apenas mais 6 meses do que aquilo que têm agora” (que é o tempo que o contrato da morada Y tem atualmente decorrido). Se já cheirava a esturro desde o início, aqui cortei a conversa e disse-lhe que o valor que tinha anunciado é superior ao que estamos a pagar, e que o facto de estar a insinuar que haverá uma alteração ao período de fidelização era mais uma indicação de que o motivo da chamada e todo o conteúdo da conversa era altamente suspeito; disse lhe que não iriamos aceitar o que quer que fosse e que cancelasse qualquer deslocação de qualquer técnico. Mais uma vez, soltou um sorriso nervoso, disse que achava estranho estarmos a pagar menos do que o valor que tinha adiantado, mas que “se calhar” havia algum engano da parte deles, despediu-se e disse que iriam entrar em contacto novamente, “após esclarecerem melhor a situação”.
No final de contas, isto é apenas um relato sem qualquer prova… do meu lado não gravei a chamada, nem podia sem consentimento, e do lado do “operador” a gravação apenas se iniciou após a tentativa de burla, no momento em que se tornou óbvio que era uma burla mas sem o contexto da conversa anterior para o substanciar. Ora bem, serviços de marketing insistentes não é novidade para mim… agora, como neste caso concreto, tentativa de burla – não vale a pena estar com paninhos quentes, é o que é – burla - isso é a primeira vez, vindo de um representante oficial da MEO.
Num breve contacto posterior, iniciado por mim, com a àrea de apoio a clientes empresarial da MEO, e após o meu relato do sucedido, o operador reconheceu ser uma situação moralmente repreensível, mas notou que não terão havido insultos ou faltas de respeito por parte do representante de que me queixava. Quando julgamos que a idiotice, incompetência, e deficiência de formação profissional que reina em na MEO, isto desce ainda mais baixo do que o que era estimado. Faltas de respeito à parte, relembro que a burla na forma tentada é legalmente reconhecida como crime, não apenas a burla executada. Talvez a MEO possa considerar vir a incluir esse pequeno facto nos seus planos de formação comercial.
A grande questão é se a PT/MEO/Altice tem em prática algum mecanismo para lidar com situações como esta. Se não tem, o caso é mais grave ainda porque tipos como este podem reinar impunes com carta branca da operadora e acesso livre aos contratos, contactos e outra informação sensível que lhes permite engendrar estas estratégias de burla com pitadas de autenticidade. É deplorável e vergonhoso, mesmo que a MEO não seja complacente... de pouco importa, são representantes. Na prática a MEO tentou burlar a minha empresa, não estará para tardar o dia em que o fazem com contratos particulares, se é que já não o fazem selectivamente.
Julgo que a MEO se deve pronunciar sobre aquilo que acha ser a sua responsabilidade e o seu papel em controlar estes casos, principalmente para entender até que ponto a MEO assume ser parcialmente responsável ou se se descarta completamente de qualquer responsabilidade que seja.
A sua reclamação só por aqui não vai adiantar nada, a não ser, o dar conhecimento as pessoas que usam este portal!
Eu faria também uma reclamação no livro de reclamações!
Também tenho um caso que já foi tratado (NOS - Comprovativo de formalização de compra) que foi mesmo feita a burla e tenho provas, os contratos!
@Duarte Pereira
A esmagadora maioria das pessoas, grupo em que me incluía até então, tem a sensação de que os contactos de marketing das operadoras tendem em pressionar os clientes, mas que seguem normas mais ou menos estritas - impostas pela entidade empregadora/contratadora. O que tento demonstrar é que, no que diz respeito aos abutres das vendas, não existe qualquer mecanismo de proteção ao consumidor a não ser o seu próprio senso comum.
No caso que demonstro, o estratagema da burla é montado durante uma fase em que a chamada não se encontra sob monitorização (gravação); só depois, quando existe confiança razoável de que o (potêncial) cliente está convencido com os falsos argumentos, é que a gravação é iniciada para poder validar a subscrição do serviço, e assim encurralar o cliente passados os 14 dias de livre-resolução de contrato.
Como pode ver pelas respostas dos representantes da MEO, estão a borrifar-se para o assunto, na melhor das hípoteses. Face a isto, a minha intenção primária é mesmo dar conhecimento e difundir aquilo que pode ser uma prática mais comum do que aquilo que se pensa... seja na MEO ou noutras operadoras, contratos à distância em geral, mas particularmente focado nas falsas palavras e promessas dos vendedores, que no geral não valem nada, muito menos após dado o consentimento do cliente para a celebração do contrato. No entanto, felizmente ou infelizmente, não tenho provas concretas sobre o caso em questão já que a burla foi apenas tentada, e também não existem testemunhas em que me pudesse apoiar.
Mas ainda bem que no seu caso consegiu prevalecer.
Cumprimentos.
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