À chegada do vôo TP1548 SID/LIS, no dia 04/07/2021, às 6:00h, desembarcamos eu e meu marido em primeiro lugar, favorecidos pela tripulação, pois sofríamos de um quadro de intoxicação alimentar e passamos todo o vôo sendo assistidos, uma vez que nos encontrávamos bastante debilitados.
O trajeto realizou-se de autocarro para o terminal N2, onde meu marido encontrou-se sem condições de abandonar a pé o veículo. Sendo assim, o condutor acionou a Cruz Vermelha. Ficamos eu e o condutor acudindo, com os meios que tínhamos, meu marido que ameaçava perder a consciência, vomitava e tinha falta de ar.
Apenas há aproximadamente 40 minutos depois, surgiu um socorrista da Cruz Vermelha, sem nenhum equipamento de primeiros socorros, que perguntou o nome e a idade do meu marido e atribuiu a demora da chegada do socorro ao número elevado de ocorrências e à enfermeira ter se enganado e ido para o lado oposto de onde estávamos.
Após mais algum tempo de espera (aproximadamente 10 minutos), comentei que a demora era inadmissível e que se fosse um enfarte, meu marido teria morrido. Acrescentei que ao menos uma cadeira de rodas para tentar retirar meu marido dali requeria pressa, pois o mesmo sentia fortes cólicas intestinais e pedia uma casa de banho.
O socorrista que, andava de um lado para o outro do autocarro e em nada nos assistiu, respondeu-me: "isso é muito chato". Diante disso, corrigi-o: "não, isso não é chato, isso é urgente".
Imediatamente e de forma abrupta e agressiva, o socorrista, aos gritos, mandou-me para fora do autocarro e acrescentou, também aos berros: "quero você fora do meu teatro de operações", gesticulando agressivamente e apontando para fora do veículo.
Obviamente que, como ele nada fazia para ajudar, e já nessa hora eu bastante incomodada e assustada, disse-lhe logo que não sairia de perto do meu marido.
Eis que o socorrista avançou para cima de mim, me agarrou pelos braços e me arrastou até a porta do autocarro, onde me agarrei a um ferro para não ser lançada para fora, pois era bem acima do nível do alcatrão e, se eu caísse, poderia me machucar gravemente. Apesar dos meus apelos para que me soltasse e avisos de que ele não me podia tocar, o socorrista seguiu em frente com sua meta de me atirar para fora do autocarro brutalmente, até que o condutor interviu para que o socorrista me soltasse, enquanto meu marido, quase desfalecendo, assistia, sem nada poder fazer, a essa degradante cena.
Assim que fui solta, liguei para a polícia do aeroporto e avisei que tinha sofrido uma agressão física de um socorrista. Para a minha surpresa, o policial disse-me que não sabia onde eu estava, que era para eu ir até o posto policial e perguntou-me o que eu tinha feito para que o socorrista tivesse me agredido. Estarrecida com o desamparo policial e incrédula que eu, enquanto vítima de agressão, estava sendo questionada enquanto temia o socorrista e meu marido estava e apuros, disse que estava no portão N2 e que iria ao posto policial depois.
Finalmente a enfermeira chegou e começou a prestar apoio ao meu marido. Entretanto, chegou também um policial, de forma bastante rude, perguntando para que havia sido chamado. A enfermeira pediu para que ele aguardasse só enquanto prestava assistência e o policial, também aos gritos e com linguagem gestual bem agressiva disse que se tinha sido chamado ali para nada iria embora.
Nessa hora, só queria ver meu marido medicado e em condições de sairmos daquele lugar e não prestei mais atenção ao que se passava do lado de fora do autocarro. Apenas vi pessoas da Cruz Vermelha e Policiais numa discussão bastante acalorada e provocando a enfermeira que, inclusive, deixou o autocarro ainda sem ter dado os comprimidos ao meu marido para responder às provocações.
Depois de meu marido finalmente medicado e ter chegado uma cadeira de rodas, deixamos o local com outros socorristas da Cruz Vermelha, com destino, finalmente ao trajeto que nos conduziu para o pátio de saída do aeroporto. Enquanto esperávamos o filho de meu marido chegar para nos levar ao hospital, ainda consegui, sentindo-me bem mal, ir até o posto policial saber como devia proceder numa situação como esta. Fui orientada, mas também havia recebido, a informação de que naquela área do aeroporto onde tudo se passou, não havia câmeras de segurança, o que despertou minha atenção, uma vez que eu não havia perguntado e não posso acreditar que um aeroporto internacional na capital de um país europeu, não seja todo monitorizado.
Seguimos para a UCS, onde fomos, ambos, atendidos por um médico que nos encaminhou de ambulância para uma unidade CUF. Meu marido, um homem de 60 anos, diabético, desidratado e com gastroenterite e eu, desidratada, com gastroenterite, dores nas costas, nos braços, no ombro e na lateral da mama, provenientes da agressão sofrida.
Faz-se necessário, ainda, ressaltar o trauma psicológico que estamos enfrentando revivendo em nossas mentes o ocorrido, com insónias e angústia profunda pelo tratamento indigno que recebemos e pela covardia a que fomos submetidos, ambos, sem possibilidade de defesa e sem a salvaguarda das duas entidades (Cruz Vermelha e Polícia) que têm a função de proteger sua comunidade.
Esta reclamação tem um anexo privado
Data de ocorrência: 7 de julho 2021
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