Guião
Para um filme de ficção
Baseado em factos reais fielmente relatados.
Episódio nº1
Porque o voo de Lisboa a Veneza era às 08,20 horas de 10/09/2017 – voo TP864, e não duvidando na transportadora aérea nacional no que respeita a cumprimentos, no caso horário, resolveram os dois personagens desta aventura deslocar-se do Norte até Lisboa de comboio e a meio da tarde da véspera.
Porque mandam as regras que se esteja no aeroporto duas horas antes do voo, foi necessário que o despertador nos acordasse às 5 da madrugada pois, tendo escolhido um hotel paredes meias com o aeroporto, bastavam 15 minutos para chegar ao ponto de partida aérea.
Feitos os check-ins, dirigimo-nos para a porta de embarque e aguardamos a abertura da mesma.
Uns minutos antes somos chamados através do sistema sonoro e é-nos informado que havendo 6 passageiros em overbooking (ou Overselling (Português: sobrevenda) que é um termo utilizado por empresas que se refere a prática de vender um serviço em quantidade maior do que a capacidade que a empresa pode fornecer. Tal prática pode ser ocasionada propositadamente pela empresa, que vende ativamente o serviço para compensar consumidores faltantes (nota minha: se já pagaram que mal faz faltar?) ou pode acontecer de forma acidental dado um grande número de variáveis nas operações.) não podíamos apanhar aquele voo. Teríamos que aguardar pelo próximo que era a meio da tarde.
Sendo que o interesse da deslocação era apanhar um cruzeiro pelas 14 horas estava posta em causa toda a cruzada semanal. De nada valeu argumentar. Foi-nos explicado ARROGANTEMENTE que a sobrevenda é legal e que só tinham conseguido encontrar 4 voluntários para troca pelo que, e de acordo com as regras, os que tinham bilhetes mais baratos ficavam em terra.
Alertei inclusivamente para o facto de que se íamos apanhar outro voo as malas teriam que ser retiradas do que não podíamos utilizar onde já estaria certamente.
-“o sr não percebe nada disto. As malas só voam no avião se o passageiro voar” nova arrogância de uma chefe(?) de serviço mal humorada – seria de ter acordado cedo?
Optimistamente vejam o que se (começa a) aprende num aeroporto:
Desde logo que fomos os únicos passageiros a quem no check-ins não foi comunicada a situação de over-booking;
Que dentro da mesma classe há bilhetes a preços diversos (mesmo antes de começar a venda de bilhetes low cost - os das 3 filas da cauda- pela companhia aérea nacional.
Depois que a configuração do avião tinha sido alterada para aquele voo de forma a ter mais lugares da classe executiva diminuindo os da não executiva;
Que os nossos bilhetes não eram dos mais baratos e que não há/houve uma regra lógica e transparente para sermos nós os apeados pois o nosso bilhete electronico foi processado a 22 de junho de 2016.
Depois de “N” telefonemas para aqui e para ali, começando pela agência de viagens acabaram por nos enviar para Roma. Logo se veria o(s) percurso(s) seguinte.
Na hora de embarque recebemos a informação que íamos ter que fazer o seguinte:
1 – voar de Lisboa a Roma e depois de Roma a Veneza onde uma representante da agência (não da nacional mas da do cruzeiro) nos levaria a um hotel para pernoitar;
2 – voar no dia seguinte de Veneza a Roma e de Roma a Bari onde apanharíamos o barco na primeira paragem, i.e. lá íamos perder o primeiro dia de viagem e excursão prevista.
Atentem à forma como o conforto dos clientes já abalado foi tido em (primeira linha) conta:
– ir de Roma a Veneza para regressar a Roma (dormir num hotel que certamente seria mais barato que qualquer outro em Roma) e ganhar as milhas que a Alitália informa que dá;
- testar a resistência dos “turistas” que chegariam ao hotel de Veneza às 19 horas do dia em que se tinham levantado às 5 da madrugada (como já referido) e teriam que dormir depressinha para se levantarem no dia seguinte de forma a apanhar o transfer para o aeroporto às 5 da madrugada.
Nada mal. Como dizia um amigo “somos jovens, temos a próstata pequenina”....
Seria se as malas (chamemos-lhes n.º 1 e 2) tivessem chegado a Veneza como era previsto e garantido pela srª chefe da porta de embarque das 8,25 no aeroporto de Lisboa. Lembram-se? (-“o sr não percebe nada disto. As malas só voam no avião se o passageiro voar”). Não chegaram as nossas malas nem as de um casal que se voluntariou para ceder o lugar do voo que nos foi negado para que outros dois passageiros pudessem chegar antes da partida do cruzeiro.
Ora então nova participação, agora no perdidos e achados, nova demora que fez com que afinal só se chegasse ao hotel cerca de hora e meia após a prevista. Logo menos hora e meia para a já curta noite de sono que se previa acontecesse.
Previa, mas sem malas o futuro era negro – nem pasta de dentes, nem roupa interior, nem roupa exterior, nem.... um cruzeiro de sonho como programado.
Tudo se iria compor. As malas iam aparecer nesse dia e “prontus”.
Episódio n.º 2
Ao chegar ao já referido hotel de Veneza a representante da agência enviou presencialmente e via telemóvel um e-mail à recepção do hotel com os nossos 2+2 bilhetes para o dia seguinte pois seria outra colega a acompanhar-nos ao aeroporto.
Tudo se iria compor, mas às 5 da madrugada os computadores também têm direito a dormir e o e-mail não abria e, consequentemente, não havia bilhetes para embarcar.
Mais uma série de telefonemas e lá tivemos que fazer um desvio para ir buscar a “estampa” dos bilhetes a casa da representante da agência que nos acompanhou na véspera.
Lá voltamos a fazer o terceiro e o quarto check-in com a vantagem de não ter que andar com malas. Vantagem? Perceberão mais tarde quando falarmos na passagem pelo aeroporto de Veneza no fim do cruzeiro.
Dois voos após (quatro em vez de um previsto originalmente) lá entramos no navio cheios de milhas oferecidas pela Alitalia. Já sabiam da cena(s) do dia anterior. Já sabia, na recepção e já sabiam alguns portugueses.
Quer um quer outros foram impecáveis:
- o navio deu-nos dois kits de emergência com escova e pasta de dentes, escova de cabelo desdobrável, penso higiénico, touca de cabelo, lâmina e sabão da barba e uma t.shirt tamanho universal e um mini-estojo de costura. Além disso informaram que durante a noite nos lavavam a roupa gratuitamente (quem lhes disse que só durmo de t-shirt ?);
- os conterrâneos disponibilizaram roupa, esperança e alegria pois as tristezas não pagam nem dívidas.
Episódio n.º 3
Estoirados ou ensonados ou desesperados caímos na cama e quando acordamos já tinha passado a hora do jantar. Seria mau se não houvesse alternativas e boas, pelo que com um sorriso, depois de interditada a entrada na (nossa) sala de jantar nos dirigimos ao buffet, para uma refeição que não enlatada. Corremos os bares, as várias salas de música, casino, sala de desporto virtual, auditório de espectáculos e ficamos contentes – ninguém se afastou de nós, o cheiro não devia ser assim tão mau!
Episódio nº 4
E quem dorme com saudades das suas malas e respectivos conteúdos?
Que lindo nascer do sol no mar! Que linda terra marginal ao mar que percorríamos!
Que lindos os barcos de pesca, de laser, de transporte que cruzamos ultrapassamos e nos ultrapassaram.
Há que sair cedo do camarote. Há uma excursão agendada e o seu interesse histórico merece que não se falhe, mesmo sem malas e o seu conteúdo.
E não se falhou.
O que falhou foi o material oferecido no kit de emergência já referido e destinado a cozer e que não cozeu em condições as calças da minha cara metade “rotadas” na primeira sentadela em pedra histórica. Terá sido castigo de um dos olimpos.
Episódio nº 5
Como não tínhamos estado no jantar do primeiro dia do cruzeiro e no segundo tínhamos adormecido, quando chegamos à sala de jantar no terceiro dia já tinha havido uma usurpação dos lugares que nos tinham sido previamente atribuídos. E não é que os restantes ocupantes da mesa, de origem portuguesa, obrigaram o chefe de sala a recolocar os “usurpantes” também descendentes do Viriato?!
Jantar espetacular, pessoal espetacular. E novas ofertas de empréstimo de roupa....
Episódio n.º 6
Sem malas, sem todo o seu conteúdo e agora sem calças, das duas uma: ou clausura ou shopping.
Shopping – roupas de dentro e fora, curtas e menos curtas, desportivas e de cerimónia (há um jantar de cerimónia), calçado para as várias situações assim como “equipamento” para mergulho da piscina. E como não dava jeito colocar as novas roupas em sacos plásticos e enviar os mesmos para porão dos aviões, e as muchilas estavam repletas, venham lá duas malinhas – a n.º3 e 4.
Episódio n.º 7
Recepção principal do navio.
“They have not yet found your bags!
Episódio n.º 8
e-mail recebido da Alitália:
“In reference to your lost baggage claim detailed above we apologise for the inconvenience caused. We have tried to telephone you on several occasions but unfortunately we have not been able to make contact with you using the telephone details you provided with your original claim.
Alitalia makes every effort to ensure all baggage is handled efficiently and with care but unfortunately, with such a complex operation, sometimes problems do occur. Please be assured that we are making every effort to locate your bag and return it to you as quickly as possible and we will keep you informed of any developments during the process.”
Episódio n.º 9 (saltando partes sem interesse maléfico)
Levantar às 7 horas pois às 9 horas será feito o transporte para o aeroporto de Veneza – outra vez aquela miséria de aeroporto!
Conhecem o aeroporto? Acham que tem capacidade para receber num piscar de olhos cerca de 2500 pessoas? E capacidade para essas mesas pessoas andarem lá com malas num empurra, atropela, sê reguila e desenrasca-te?
Ainda bem que ainda ninguém descobriu que é fácil e barato transformar aquele espaço num braseiro!
Não vi um agente de segurança militar ou militarizado. Se estavam era à paisana, mas não evitaram que me tivessem aberto o fecho do bolso das calças – só isso, nada mais.
Há que aguardar o horário de inicio do check-in.
Perto da hora esbracejamos a caminho dos locais n.º 37 a 40 conforme indicação de uns jovens (não sei se voluntários) que encaminham os “peregrinos” naquela escalada.
Mesmo, mesmo, mesmo ao chegar apontam-nos afinal o n.º 41 e formamos fila... uf eramos os quartos. Podíamos ir para as salas de embarque e “abancar” descansados.
Pois, mas não afinal não era aí, era no n.º 46 pelo que nos mandaram (agora a fila já tinha cerca de 20 metros e não sei quantas pessoas) para esse local passando e, imagine-se, parando à frente das filas n.º 42, 43, 44, 45!!!
E não havia semáforos!
Check-in feito bora lá passar pela segurança, e procurar a porta de embarque – ainda faltavam cerca de 45 minutos para as 14,25, hora anunciada para a partida.
Mas, e lugares para sentar?
E não é que o display começou a alterar a hora de partida?
E ela a subir, subir e o avião em Roma iria esperar por nós?
Saímos com 40 minutos de atraso, mas conseguimos chegar a Roma ainda antes da partida do voo da Tap para Lisboa. De notar que o voo Veneza Roma levava passageiros de “N” companhias em colaboração entre elas. Uma delas era a Tap.
Chegados a Roma estava um funcionário com um cartaz a mandar-nos seguir RAPIDAMENTE para a porta “x”. Demoramos cerca de 15 minutos e em passo rápido. Fiz contas, apoiei-me em experiências próximas e distantes e pensei/fiz um mau agoiro.
Hora de cumprimentos do sr comandante....”... partimos ligeiramente atrasados porque estivemos à espera de uns passageiros atrasados” (no comments digo eu)
Episódio n.º 10
Aterragem em Lisboa à hora prevista.
Ia dar para apanhar o Alfa pendular para o Porto, o das 20 horas mais ou menos.
Ia. Ia se não tivéssemos que gastar uma hora a preencher nova reclamação por causa do meu mau agoiro – as malas (3 e 4) não chegaram.
Um obrigado a dois dos companheiros de viagem que, sem serem da Uber ou afins (parece que já há concorrentes espanhóis) nos evitaram aqueles longos minutos de fila para apanhar um táxi no aeroporto.
Episódio n.º 11
Sem poder apanhar o Alfa pendular das 20 e pico, havia duas hipóteses:
ou tentar trocar o bilhete atempada e cautelosamente (não fosse haver atrasos aeronauticos) comprado para o intercidades das 22 e pico pelo das 21 horas ou esperar por essa hora. Mas sair de lisboa uma hora mais cedo e chegar à mesma hora.... não, obrigado.
Já dentro do dito IC das 22, chega o sr PICA que informa que a linha férrea está em obras pelo que, em Alfarelos, os passageiros terão que sair do comboio e ir de autocarro até Coimbra onde os espera outro comboio.
- isso corresponde a que tempo mais?
- cerca de uma hora.
Fixe. Fixe mesmo.
Contas feitas iriamos estar 21 horas em viagem (desde o levantar nas águas em Veneza e o deitar em Guimarães)
Episódio n.º 12
Dois dias depois de aterrar em Lisboa foi entregue em nossa casa a mala n.º 3 e, como dizia no email da Tap “Aviso ao Cliente - A sua bagagem será entregue na morada fornecida assim que recolhida pelo serviço responsável para esse efeito. O
tempo de entrega poderá depender do número de volumes, assim como da hora do dia. Garantimos proceder à entrega da sua bagagem o mais breve possível.”
A número 4 ainda não aparece no portal de seguimento de perdidos e achado da companhia aérea.
As número 1 e 2 continuam a não aparecer no portal de seguimento da Alitália que já me enviou um pedido de envio da lista de conteúdo das mesmas.
foram estas as férias de dois clientes ao serviço da TAP
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