Opinião: Resiliência no Feminino: Desistir nunca foi opção!

No mês dedicado às mulheres, mais do que a minha opinião, partilho a minha história de vida, com uma mensagem de encorajamento dirigida a todas as mulheres que pensam não ter as qualificações, características ou até mesmo, as oportunidades para alcançarem as suas metas pessoais e os seus sonhos de vida.

É com orgulho que me apresento como sendo um produto da geração X. Pertenço ao grupo de mulheres que passou por quase todas as transformações sociais, tecnológicas, políticas e, principalmente profissionais, ao longo de pouco mais de quatro décadas. Nunca nada é eterno para as mulheres da geração X.

Estamos sempre preparadas para enfrentar o desconhecido, a mudança e a pressão dos novos tempos. Aliás, continuo a sentir que assim será, até ao final dos dias da nossa geração. Este é o espírito de uma mulher que nasceu na minha geração. Resiliente, capaz, que acredita e que sabe que pode lutar pelo seu futuro. Bem diferente da que me antecedeu, onde a mulher, na sua maioria, já tinha um fado traçado, carregando o estigma da inferioridade, da difícil emancipação e do papel nobre, mas redutor, de serem a “fada do lar”. Não, não! Sempre visualizei o meu futuro com outro glamour!

Mesmo com as limitações sociais que me rodeavam e que me impediam de crescer, pelos anos 90, e ainda com apenas 14 anos, iniciei muito cedo a minha carreira profissional, ao começar a trabalhar na restauração, pois, necessitava de ajudar financeiramente a minha família, que era humilde e vivia como a maioria dos portugueses à época – com dificuldades. Um processo nada fora do comum, contudo, que adiava o sonho de estudar e ser uma empresária de sucesso, uma ambição que pairava há muito na minha imaginação.

Passado uma década, fui recrutada para uma grande empresa no retalho de vestuário, onde consegui uma oportunidade de crescimento profissional.

Entretanto, casei, tive um filho e aproveitei o momento de licença de maternidade para concluir os meus estudos. Foi um momento difícil, pois, já não bastava a dupla jornada (maternidade e estudos), tive ainda que enfrentar o julgamento da sociedade, pois, na ótica da grande maioria das pessoas, não era ético e moral, conciliar a maternidade com o trabalho.

Estudos concluídos, voltei a enfrentar profissionalmente os obstáculos do preconceito, através de um superior hierárquico, que entendia que o facto de ser mulher e mãe, seria com toda a certeza, uma limitação para o meu crescimento profissional dentro da empresa.

Ninguém irá confiar um cargo desses a uma mulher com filhos. É necessário ter disponibilidade de horário e uma dedicação a 100% ao trabalho.” – retorquiu o meu chefe à época.

Contudo, desistir nunca foi opção. Se já tinha conquistado tanto, para aqui chegar, como poderia deixar cair uma grande oportunidade? Com enorme resiliência e foco, batalhei e conseguiu chegar a cargos de liderança e dar formação às equipas de trabalho.

A tal menina de 14 anos, que sempre foi uma sonhadora e que ambicionava fazer a diferença – assim o fez. Sobretudo, inspirou as mulheres das equipas que dirigiu.

Ao fim de mais de 15 anos, saiu da empresa deixando o seu legado, conseguindo alcançar todos os objetivos que lhe foram propostos, contrariando todas as expectativas e abrindo caminho para novas lideranças femininas que, entretanto, lhe sucederam. Mais uma etapa, mais um objetivo cumprido.
 

Da menina sonhadora que trabalhava na restauração a CEO do Portal da Queixa

Entretanto, havia já a fermentar outro sonho partilhado, um projeto familiar que ajudei a fundar em 2009: o Portal da Queixa – uma plataforma pioneira no país que veio mudar o paradigma de consumo em Portugal.

Em 2016, já transformado no maior Marketplace de Reputação em Portugal, entro no projeto – que sempre acompanhei de perto – com a missão de aproximar as marcas dos consumidores. Passados cinco anos à frente dessa função, assumi a liderança do projeto enquanto CEO.

Atualmente, dirijo a operação portuguesa, que integra o projeto global da Consumers Trust, que está presente em Portugal, Espanha, França, África do Sul e Reino Unido.

Agora, vou contar-vos um segredo: se eu perguntasse àquela menina de 14 anos, se quando começou a trabalhar, imaginaria algum dia chegar a CEO de uma empresa tecnológica internacional – mesmo com enormes adversidades pelo caminho – com toda a certeza que responderia que poderia chegar longe.

Desde palestras nas maiores feiras tecnológicas do mundo, a inúmeras entrevistas para os vários órgãos de comunicação social, foram muitas as conquistas e provavelmente os erros também foram muitos, mas sabem uma coisa? Não me importo, porque para mim, o mais importante é conseguir transmitir uma única mensagem: de que não existem limites por ser mulher!

Com foco, determinação e até sem perfeição, podemos chegar onde queremos! Por isso, volto a repetir: nunca permitam que os outros vos limitem os sonhos. Nós mulheres, temos a mesma capacidade para sermos líderes, mães e empreendedoras, e tudo o que ambicionarmos ser. Para isso, basta acreditar. Acreditem em vós!  The sky is not the limit!

 

Opinião publicada em: Líder Magazine


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