Decisão da Anacom apanha os clientes de férias

A Anacom obrigou as operadoras a baixarem preços ou a aceitarem rescisões sem encargos para os clientes. A medida poderá apanhar os clientes de férias e assim terá pouco impacto, dizem os analistas.

Decisão da Anacom apanha os clientes de férias

A deliberação da Anacom que obriga Meo, Nos, Vodafone e Nowo a aceitarem rescisões sem encargos ou a baixarem os preços de alguns serviços não deverá ter impacto significativo nas empresas. O próprio timing da decisão, que surge em pleno período de férias, deverá tornar esta deliberação do regulador num mal menor para as operadoras portuguesas.


Esta é pelo menos a opinião dos analistas do Haitong Bank. “Esta decisão da Anacom não é totalmente inesperada tendo em conta que o procedimento foi iniciado há alguns meses”, escreve Nuno Matias, numa nota de research sobre o setor das telecomunicações. “Cremos que existem alguns fatores que deverão reduzir substancialmente os riscos desta decisão da Anacom”, acrescenta.

Em primeiro lugar, para o Haitong, a medida incide sobre “todas as operadoras”, o que deverá anular os incentivos ao aproveitamento desta oportunidade para a “implementação de grandes promoções para captar clientes que queiram rescindir os seus contratos” com operadoras concorrentes.


Segundo, o novo período de 30 dias úteis dado às empresas para possibilitarem as rescisões de clientes “só se aplica a clientes sujeitos a cláusulas de fidelização na altura do aumento dos preços [entre agosto e novembro de 2016] e que esses contratos ainda sejam os mesmos”, refere Nuno Matias. Face a isto, e ao facto de as operadoras poderem ter reforçado os esforços de renovação contratual, o número de clientes afetados poderá ser “limitado”.

O último fator é o timing da decisão, que surge em pleno período de férias, o que “poderá favorecer as operadoras”. “Se as empresas decidirem comunicar aos clientes este novo período para terminarem os contratos no muito curto prazo, isso vai provavelmente apanhar uma porção significativa dos clientes em férias”, pelo que o prazo para a rescisão “poderá passar sem que o cliente se aperceba dele sequer”, conclui o analista do Haitong.

 

 Se as empresas decidirem comunicar aos clientes este novo período para terminarem os contratos no muito curto prazo, isso vai provavelmente apanhar uma porção significativa dos clientes em férias.

Nuno Matias,  Analista do Haitong Bank

 

Também os analistas do BPI desvalorizam o impacto da decisão da Anacom no setor das telecomunicações. “Não esperamos um impacto material em nenhuma das operadoras”, refere a análise do banco.

“Uma vez que todas as operadoras estão na mesma situação, não há incentivo para campanhas promocionais agressivas neste período. E tendo em consideração que, para muitos dos clientes, a maioria das ofertas disponíveis no mercado não são melhores do que as que atualmente subscreveram, não antecipamos nenhum impacto material no mercado”, indica.

Ambas as análises reconhecem, no entanto, que a decisão da Anacom deverá agitar “ligeiramente” o mercado.

 

Fonte: ECO


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