Câmara Municipal de Lisboa - Trânsito caótico na baixa de lisboa

(Correção no texto da queixa)
Sou moradora na freguesia de Santa Maria Maior, junto à Sé, onde o caos no trânsito está a atingir níveis insuportáveis, ao ponto de pôr em risco quem aqui vive, pela dificuldade de mobilidade e acesso, por exemplo, a veículos de emergência.
Por pontos:
. Gostaria de saber como é possível que tenham decidido cortar ao mesmo tempo a circulação na rua dos Fanqueiros e na rua do Ouro??? Ontem à noite - sábado, 20 de abril - estavam ambas cortadas, todo o trânsito estava a ser desviado pela rua dos Sapateiros, incluindo uma ambulância que não conseguia avançar, porque os carros não conseguiam desviar-se!!! Caótico!
. Como é possível que estando a rua da Prata também cortada, não se acautele escoamento para veículos de emergência, com indicações claras da parte da polícia, e proibindo e condicionando a circulação a veículos de não moradores?
. Como é possível que tendo o presidente da CML, eng. Carlos Moedas, “desaconselhado” há largos meses que não se circule pela Baixa, indicando que se vá pela “ 5a circular” ( que só existe na teoria e que todos ignoram olimpicamente! ), as autoridades nada façam para travar o acesso aos não moradores, e permitam que venha quem quiser entupir a Baixa? Até quando vai continuar este caos (com implicações desastrosas nos transportes públicos da Carris) ? Acham que basta um “conselho” para quem não mora aqui não vir de carro para a Baixa, e os condutores obedecerem? Sem punir? (Mas para haver multas de trânsito aos moradores, já não se hesita)
. Como é possível que com dezenas de obras em simultâneo, retirando dezenas de lugares de estacionamento, a câmara ainda não tenha determinado que em alguns troços só possam estacionar moradores?
. Como é possível que nestas circunstâncias, e ao mesmo tempo, se agrave ainda mais a situação autorizando filmagens que retiram dezenas de lugares de estacionamento??? (Soube que na mesma semana houve filmagens em várias zonas da freguesia em simultâneo)
. Como é possível que junto à Sé de Lisboa não esteja em permanência a polícia para controlar o estacionamento dos Tuk Tuk e outros veículos de turismo que ali param em número muito superior ao permitido, impedindo a saída do bairro???? É preciso que haja alguma tragédia para se intervir? Para pôr regras? (de manhã cedo - 8h, 9h há muitas vezes polícia, para controlar os camiões das obras que regularmente impedem e/ou atrasam a saída de viaturas dos moradores, entrando por aquela via em sentido contrário. Porque não permanecem esses agentes no local controlando o caos dos veículos de turismo que ali se aglomeram a partir de meio da manhã?
. Como é possível que neste caos diário de circulação ainda se autorizem, ao mesmo tempo, corridas e provas desportivas, como a deste domingo, 21 de abril, que na prática cortou o trânsito em várias artérias da Baixa, até ao Chiado e Santa Apolónia, isolando totalmente a zona?
(Cá em casa há quem trabalhe ao domingo, e necessite de usar o carro para transportar material. Hoje, com a corrida da mulher, demorou 2 horas a fazer um troço que demora 7 minutos. Absurdo! Não há outras zonas da cidade com mais espaço em que seja mais fácil ter vias alternativas acessíveis? Quem nos recompensa destas perdas - de tempo, de segurança, de dinheiro - acumuladas?)
Os moradores da zona histórica podem ser poucos, mas merecem o respeito, a consideração e a atenção de quem os representa na hora de decidir e agir. É essa a obrigação de quem é eleito pelo voto dos eleitores residentes: cuidar de quem representam e dos seus interesses.
Não querendo dispersar: Lisboa não é só turismo, sendo que não salvaguardando os direitos de quem aqui ainda vive, está-se a permitir a descaracterização progressiva da cidade, nomeadamente da sua zona histórica, onde há cada vez mais obstáculos e dificuldades - no trânsito, na ausência de comércio tradicional, na poluição (a todos os níveis) a que é sujeita também com os cruzeiros. A taxa turística beneficia os moradores de que forma? Como está a ser aplicada?
Os assuntos que abordo estão todos eles interligados, mas sublinho que o objetivo principal da minha queixa é resolver o caos no trânsito na Baixa, onde a sobrecarga de automóveis (que aqui não deviam estar) e de autocarros (nomeadamente na rua da Madalena), está a condenar toda esta zona a uma destruição progressiva, pondo em risco quem aqui vive e trabalha.
Grata pela vossa atenção aos vários alertas que aqui faço, fico a aguardar resposta.
Ângela Roque Antunes