Diocese de Beja - Sino igreja poluição sonora - Igreja Melides

Exmos. Srs.



Espero encontrar-vos bem e com saúde.



Venho por este meio fazer-vos chegar a seguinte exposição.



Começo por me identificar, Carlos Alexandre Vaz Palhinhas Candeias, pai de cinco filhos, trabalhador desde os 16 anos, e desde Maio de 2022 residente em Melides, na Rua da Igreja, nr 7.



Sou também filho de António Candeias, ex Presidente da Junta e Vereador à CM de Grândola, neto do Carlos Palhinhas Candeias, ex presidente da Casa do Povo, Lar de Idosos, Clube de Futebol de Melides e o mais duradouro Sacristão da Aldeia. Os irmãos do meu Avô também o foram, sacristão e acólitos.



Acrescento que também casei ( e o meu irmão ) na Igreja em Melides pelo nosso enorme Amigo de família, Padre Zé, que já estava no colégio São João de Brito e nos concedeu a honra de realizar a cerimónia.



A Arte Sacra que está na Igreja, mais inúmeras imagens foram oferecidas pelos meus pais, entre outras.



Colocadas as apresentações, passo a expor o seguinte :



Conhecia muito, muito bem o sino que estava anteriormente na Igreja, o meu avô costumava brincar connosco dizendo-nos que havia um “ ninho “ de morcegos no interior e dava uma badalada para nos pregar partidas.



Exmos. Senhores, este sino como sabem, não é mesmo, este sino emite uma frequência totalmente estridente.



Há cerca de 1 ano, falei com o Sr. Padre que cá estava e pedi-lhe que por favor não repetisse as badaladas de todas as horas, começando às 06:30 e com a última badalada às 23.30. O Sr. Padre concordou e afirmou que sim, não fazia sentido.



Exmos. Senhores, eu trabalho em casa muitas vezes, visto ter que estar a comunicar remotamente com USA, Brasil, Dubai e Ásia, tenho poucos horários bem definidos, pelo que, para além de ter que alimentar a minha família, todos precisamos de trabalhar e concentrados.



PRECISO DE DESCANSAR, peço desculpa pelas letras grandes.



Neste momento e conforme podem atestar, se desjarem está um Sr. que teve um AVC a semana passada e já voltou a casa ( ao lado da Caixa Agrícola ) sem poder descansar.



Está uma Sra. na casa ao meu lado e com 84 anos, sem poder descansar.



Está uma Sra. com 79 anos na casa ao lado do Restaurante o Fadista sem conseguir descansar.



E outros !



Exmos. Srs. este mês estive de baixa em casa, não podia sair e “ apanhar ar “. Os primeiros dias até estive bem conseguia CONCENTRAR-ME no meu trabalho, e ao mesmo tempo descansar, sabem qual foi a diferença deste ano e meio de não descanso e insónias ?



Deve ter existido algum problema com o SINO, que não toucou nesses dias.



Exmos. Srs. tenho relatório psiquiátrico a atestar que não descanso por causa do incomodo causado pelo sino, inclusive a Psiquiatra, deslocou-se de Lisboa a Melides e pelas palavras da mesma, considerou uma insanidade.



Exmos. Srs. neste momento estou em completo ponto de rotura. Eu, e outros. Apelo encarecidamente ao vosso bom senso para encontarmos uma solução.



Esta semana faleceu uma pessoa que me era muito querida, trabalhou com os meus pais mais de 15 anos, sogro de uma dos meus mais antigos amigos e avô de um dos meus preferidos amigos aqui em Melides.

O Sr. ainda estava em Lisboa, já o sino estava a tocar ( relembro que com o meu avô, o acompanhei a dar centenas de sinais, ao lado do sino antigo ), no dia seguinte ainda sem o Sr, na casa mortuária o sino deu o sinal às 07:50, 07:50.

Deu mais CINCO vezes nesse dia, o Sr, só chegou às 19:00.

No dia do enterro, até às 10.25 o sino deu sinal QUATRO vezes.

Tenho os registos todos guardados no meu telefone, posso enviar.



A minha educação não permite qualificar isto.



Exmos. Srs. dei-me ao trabalho de registar o nível de decibéis debitados pelo sino. Uma mota a passar a acelerar debita entre 12 a 14 Db.

O sino debita 46, QUARENTA E SEIS.



Exmos. Srs. como na minha vida sempre fui encontrando soluções para as adversidades, sugiro que se forre o martelo do sino, com algum tipo de borracha ou epóxi resistente. Posso encontrar alguém para o fazer e assumir a despesa.



Adianto também que toda gente tem relógio ou telefone, portanto tem acesso a horas.



Adianto que vivemos numa aldeia, toda a gente sabe quando alguém falece.

Nesta quarta-feira até pareceu que faleceram CINCO pessoas, na quinta até às 10.25 mais QUATRO pessoas.



Nos Tempos medievais utilizava-se o sino para avisar de ataques de inimigos e as horas para as pessoas entrarem nos campos e quando a jorna findava.



Meus Srs. o que está aqui exposto é um pedido de AJUDA. E naturalmente bom senso.





Muito obrigado pela vossa atenção e aguardo a vossa melhor resposta.



Atentamente.