ASAE desvaloriza o estudo da DECO e alerta que não há perigo no consumo de carne nos talhos

Associação dos Comerciantes do Concelho de Lisboa e Outros considera o estudo da DECO como lamentável e destrutivo.

ASAE desvaloriza o estudo da DECO e alerta que não há perigo no consumo de carne nos talhos

Temperatura elevada, aditivos alergénicos escondidos, bactérias como a salmonella e outras de origem fecal, má higiene e conservação. São estes os dados compilados num estudo da Deco aos hambúrgueres frescos feitos em talhos de Lisboa e do Porto.

A Associação dos Comerciantes do Concelho de Lisboa e Outros já veio dizer que esta análise é abusiva e "não é amostragem de coisa nenhuma". Já o inspetor-geral da ASAE diz que este é um sector com algumas falhas identificadas, mas considera o acompanhamento suficiente.

 

O estudo da Deco, divulgado esta segunda-feira, teve em conta uma amostra de 25 talhos de Lisboa e do Porto. A Associação para a Defesa do Consumidor já apelou aos consumidores para que não comprem hambúrgueres com carne previamente picada nos talhos, pelo facto de conterem bactérias nocivas e aditivos alergénicos usados para dar ao produto a aparência de frescura.

Os sulfitos podem provocar alergias, náuseas, dores de cabeça, problemas de pele, digestivos e respiratórios, alertou a Deco, acrescentando que a reação alérgica pode, embora em casos muito raros, ser potencialmente mortal.

A estrutura refere ainda que identificou carne guardada a temperaturas demasiado altas, "milhões de bactérias por grama", entre as quais salmonella e outras de origem fecal, demasiada gordura e sulfitos usados ilegalmente como conservantes.

“Em princípio, esta bactéria [salmonella] só é problemática se os alimentos não forem bem cozinhados. Ainda assim, quando em contacto com outros alimentos crus (por exemplo, queijo), pode pôr em risco a saúde dos consumidores”, refere o mesmo estudo.

"Lamentável"

Marianela Lourenço, secretária-geral da Associação dos Comerciantes do Concelho de Lisboa e Outros, disse à RTP que considera "lamentável" que isto se passe todos os anos.

"É um relatório absolutamente destrutivo em relação aos talhos quando faz análise a 25 talhos de Lisboa e do Porto. Não é uma amostragem de coisa nenhuma e faz uma análise à tangente das grande superfícies. Aí ninguém faz absolutamente nada".

Esta responsável do sector considera que os talhos de rua são inspecionados mensalmente quer pelos elementos veterinários da Câmara, quer pela ASAE, e não compreende por que motivo "são sistematicamente visados pela Deco"."Como não podem fazer concorrência com as grandes superfícies, são os talhos de rua os consumidores da carne nacional. É exatamente aí que está a diferença".

E acrescenta: "São de tal modo abusivos nos relatórios que apresentam em relação aos talhos de rua que eu penso que não há coincidências. Há uma defesa persistente das grandes superfícies. Os talhos de rua têm carne de qualidade. São eles que consomem a carne nacional quer de porco, vaca ou borrego".

Já em relação à temperatura Marianela Lourenço considera que "é muito relativa" e questiona: "Foram a um sócio nosso às 9h05 da manhã. A que horas é que chegaram com a carne para fazer a análise? Aí a Deco não diz. Fizeram esta amostragem entre os meses de setembro e outubro, em que esteve muito calor. Quando foram comprar a carne não levavam saco térmico. Como é que podem fazer uma prova dessas da temperatura?".

A secretária-geral da Associação dos COmerciantes do Concelho de Lisboa e Outros elogia ainda os talhos de rua, para dizer que fazem um "atendimento personalizado e cuidadoso".

"Nenhuma emergência alimentar"

Pedro Portugal Gaspar, inspetor-geral da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), admite que se trata de um sector identificado "com algumas situações de falhas". Mas o acompanhamento, garante, está a ser feito e é suficiente.

"Com os dados que temos, não estamos perante nenhuma situação de emergência alimentar ou que seja declarada uma situação de exceção de quadro de ordem de consumo", afirmou.

 

 

Fonte: RTP


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