Hospital Escolar Veterinário
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Hospital Escolar Veterinário - Falta de assistência e de cuidados devidos

Sem resolução
Filipe Paula
Filipe Paula apresentou a reclamação
13 de agosto 2023
O Simão, um podengo com 7 anos, com um quadro clínico bastante condicionado, (com diabetes mellitus, cegueira por cataratas diabéticas, cistite bacteriana recorrente, cushing, hepatopatia, pancreatite e uma doença periodontal), começou a ter uma hemorragia na zona da boca no dia 25/07, 3f. Após detectarmos essa mesma hemorragia, deslocámo-nos de imediato à Clínica Veterinária de São Roque, em Loures, para o avaliarem.
Nessa mesma avaliação, o Simão tomou um anti hemorrágico, adrenalina e ainda Vetgastril, com o intuito de parar de imediato essa mesma hemorragia.
Nesse período, durante a consulta, o Simão teve 2 ou 3 hemorragias, e não tendo um serviço de internamento com vigilância de 24h em 24h, foi-nos sugerido vigiar o Simão nas próximas horas, e caso ele voltasse a ter hemorragias com a mesma frequência, levá-lo ao Hospital da Faculdade de Medicina Veterinária, onde ele era seguido.
No dia seguinte, por volta das 12h, e após verificarmos que o Simão continuava com hemorragias, constatámos que ele estava visivelmente muito mais prostrado. Ligámos à Dra. que o tinha visto no dia anterior que sugeriu que fossemos de imediato ao HFMV para que ele fosse visto e possivelmente ser internado.
Fomos de imediato para o HFMV e quando chegámos o Simão estava nesse preciso momento a ter mais uma hemorragia, dissemos que era uma URGÊNCIA, e explicámos a situação que nos levou lá. Disseram-nos para aguardar e ficámos à espera cerca de 20 a 30 minutos, algo incompreensível pois ele deveria ter entrado de imediato.
Quando chamaram o Simão, a Dra. que o analisou, limitou-se a auscultá-lo e medir a temperatura. Referiu que estava com uma temperatura normal, embora a barriga estivesse quente. Foi para dentro falar com alguém da medicina interna, nomeadamente a Dra. Beatriz, dado que a Dra. Joana Dias, que era quem seguia o Simão estava ausente. Ao voltar indicou que o Simão iria para casa, medicado com um anti-inflamatório, para além da medicação que ele já estava a tomar. Disse para estarmos vigilantes e caso corra tudo bem, voltaria no dia 1 de Agosto, 3f, para fazer o tratamento COHAT, alertando-nos que possivelmente o Simão iria ficar sem grande parte dos dentes.
Sinceramente ficamos um bocado incrédulos, pois o Simão estava bastante prostrado, com a boca e o pêlo cheios de sangue, devido às constantes hemorragias, já não conseguia levantar-se sozinho, pelo que tivemos que fazer "força" para que o Simão ficasse internado, pois ele não estava de todo em condições para ir para casa. Após termos insistido, a Dra. que o analisou, voltou novamente para dentro para ir falar com alguém dos internamentos, e quando voltou disse que o Simão iria ficar internado até ficar estável, possivelmente iria para casa no dia a seguir, e no dia 1 de Agosto dava então o seguimento ao tratamento da COHAT.
Posto isto, levaram o Simão e nós fomos para casa, minimamente descansados, mas não muito confiantes, não só pela inacreditável análise, numa primeira instância, mas também pela própria postura e diálogo da Dra., que demonstrava uma enorme falta de segurança e de confiança no que transmitia.
Por volta das 23:13, ligaram dos internamentos, indicando que o Simão estava em risco de vida e que não conseguiam parar as hemorragias. Indicaram que podiam fazer uma transfusão de sangue, e que a mesma tinha um valor de 400€, perguntando se aceitava fazer a transfusão. De imediato dissemos que sim, e de imediato deslocámo-nos ao local. Passados cerca de 30 a 40 minutos, estávamos no HFMV para tentar perceber o que se estava a passar e para ver o Simão. Quando chegámos não havia ninguém na recepção nem no hall de entrada, pelo que teve que ser o segurança, já fora de serviço (pelas suas próprias palavras) a ter que ir chamar alguém. Nisto veio uma Dra. que estava a fazer os internamentos nesse dia, que nos indicou que o Simão estava mesmo muito mal e que já tinham percebido qual o tipo de sangue dele. Confirmou que tinham o sangue disponível e que iam lá "abaixo" buscar. Não se compreende, como é que só naquele momento é que tinham verificado o tipo de sangue, dado que o Simão é seguido em Medicina Interna desde o inicio do ano, nem como ainda não tinham feito já a transfusão, visto que já tínhamos dado essa ordem.
Entretanto decidimos entrar para ver o Simão, e quando entrámos constatámos que o Simão estava com uma hemorragia também na zona do ânus, para além das que tinha na zona da boca. E ao abrir a porta da box, a enfermeira que estava de serviço disse as seguintes palavras: "Ah ele também está com sangue na zona do rabinho". Percebemos de imediato e dada a surpresa na cara e nas palavras da enfermeira, que o Simão não estava a ser minimamente vigiado.
Passados 2 ou 3 minutos o Simão teve uma paragem cardio-respiratória, pelo que avisamos de imediato a enfermeira, que nos perguntou se queríamos que o reanimasse. Prontamente dissemos que sim, e após as manobras de reanimação, o Simão viria a falecer, pouco passava da meia noite.
Não percebemos como é que, tendo deixado por escrito, o termo de responsabilidade assinado e com a autorização às manobras de reanimação caso necessário, aquando do internamento do Simão, nos fazem esta pergunta perdendo assim segundos que podiam ter feito a diferença, demonstrando assim uma enorme falta de preparação e de profissionalismo.
De notar que, durante o tempo em que estivemos com o Simão, a Dra. que disse que ia buscar o sangue, quando regressou, vinha de mãos a abanar, sem o sangue, pelo que muito provavelmente ainda não tinha sido desta que tinha ido buscar o sangue.
Quando nos avisaram que o Simão tinha falecido, perguntaram se ele tinha ingerido alguma espécie de substância tóxica. Dissemos que não. Em casa era impossível, e na rua era bastante improvável, pois os passeios que o Simão dava, eram super controlados dado à sua cegueira, e com a trela bastante curta. Contudo podia-nos ter escapado alguma coisa, pelo que o cenário não era impossível. Como temos outra cadela, ficámos bastante preocupados, para além de todo o choque em que estávamos, pois caso fosse mesmo essa a causa da morte do Simão, a nossa outra cadela também poderia estar em perigo, embora tivéssemos muitas dúvidas que fosse mesmo isso.
Nesse sentido, indicaram que tinham feito exames e análises toxicológicos, e que os resultados iriam sair na manhã seguinte. Disseram que nos contactavam quando soubessem os resultados.
No dia a seguir, por volta das 15:58, ligaram a indicar que os resultados toxicológicos tinham sido negativos, e que as hemorragias provinham de todo o seu historial clínico, e que era normal acontecer em cães com este tipo de doenças. Mais disseram que fizeram tudo pelo Simão.
Na sexta-feira, dia 28/07, voltámos ao HFMV para fazermos o acerto de contas, levantar a medicação do Simão e pedir todas as análises e exames que ele fez durante o tempo em que esteve internado, nomeadamente os resultados toxicológicos. Também pedimos para falar com alguém dos internamentos que tivesse acompanhado o Simão, para tentar perceber (com a cabeça mais fria), o que realmente aconteceu, e por fim solicitamos um relatório de óbito que nos pudesse explicar e esclarecer qual a causa de morte, quais os tratamentos e medicamentos que administraram ao Simão.
Ninguém dos internamentos estava disponível naquele momento para falar connosco, indicando que nesse momento estavam com uma urgência. A menina da recepção apenas nos deu uma folha, com as análises clínicas (bioquímica e urianálise), desconhecendo a existência do relatório. Voltámos a insistir pelo relatório mas sem sucesso. A menina da recepção, visivelmente atrapalhada, não sabia se existia ou não relatório e sugeriu enviar um e-mail para os internamentos a solicitar o envio desse mesmo relatório.
Dissemos que pretendíamos falar pessoalmente com alguém dos internamentos e que queríamos que nos entregassem esse relatório com a maior brevidade possível. Nesse sentido perguntámos se podiamos voltar no dia seguinte para falar com alguém e a menina respondeu que sim.
E assim fizemos, no dia seguinte, no Sábado, dia 29/07, lá estávamos. De notar que havia apenas uma pessoa a atender e a sala de espera estava cheia. Uma hora depois de retirar a senha, fomos atendidos por uma senhora que nos deu exactamente a mesma resposta que nos foi dada no dia anterior. Desconhecia se existia ou não o relatório, pelo que pelos vistos não é um procedimento, e que apenas tinha a existência das análises clínicas (bioquímica e urianálise). Disse também que não estava ninguém dos internamentos disponível para falar connosco, mais uma vez. Nesse momento a réstia de paciência que ainda tínhamos esgotou-se por completo. Dissemos que não iríamos sair do HFMV sem falar com alguém e sem o relatório. Depois de vários movimentos internos entre telefonemas e ausências, a senhora indicou para aguardarmos um bocado pois viria alguém falar connosco.
Passados uns 15 minutos veio, de facto, uma Dra. falar connosco, e levou-nos para dentro de um gabinete. Explicámos toda esta situação, e demonstrámos toda a nossa insatisfação e frustração com tudo o que se passou. A Dra. lamentou o sucedido, tentou explicar, pela informação que conseguiu obter, o que possivelmente levou à morte do Simão, percebeu o que nos estava a causar esta insatisfação e revolta, e disse que, de facto, as coisas poderiam ter sido feitas de forma diferente, nomeadamente aos tempos de resposta, referindo-se principalmente ao tempo perdido na transfusão de sangue, que nunca chegou a acontecer.
A Dra. disse que iriam nos contactar na 2f, dia 31/07, no sentido de agendar uma reunião com a direcção do HFMV e possivelmente com alguém que tivesse acompanhado o Simão nas suas últimas horas, de forma a puderem justificar todos estes pontos já mencionados. Acrescentou também que não encontrou nenhuns resultados toxicológicos, pelo que, ou os resultados ainda não estariam disponíveis, ou então, não tinham sido realizados quaisquer exames e/ou análises toxicológicos. Informação contrária ao que nos tinham transmitido e que consideramos, caso se confirme, extremamente grave.
Como já esperávamos não nos contactaram na 2f nem nos dias a seguir. Tivemos que enviar um e-mail, no dia 02/08, a pedir que nos contactassem, com o intuito de agendar essa mesma reunião. Assim o fizeram, no dia a seguir, dia 03/08, na pessoa da Dra. Mafalda Gonçalves, indicando que, devido ao período de férias, poderíamos agendar a reunião no início de Setembro.
Nesse mesmo e-mail de resposta, anexaram, para além das análises clínicas (bioquímica e urianálise), que era a 3ª vez que estavamos a receber, 2 relatórios com as data de 31/07 e 03/08. Ao ler-mos atentamente os relatórios, confrontamo-vos com as seguintes questões:
- Mencionam que o Simão terá feito nos colegas (Clínica Veterinária de São Roque), uma medicação injectável não especificando qual a substância activa. Porque é que não contactaram a Clínica, onde o Simão tinha sido consultado no dia anterior, a perguntar qual foi a substância activa administrada?;
- Porque é que não perguntaram se ele tinha tomado algum anti hemorrágico, qual o anti hemorrágico, e qual o intervalo em que ele deveria tomar esse mesmo anti hemorrágico, se de 8h em 8h, ou de 12h em 12h, etc.;
- Em ambos os relatórios não detectamos nenhuma menção à administração de algum anti hemorrágico, que deveria ter sido administrado (na nossa opinião), visto que era o principal problema que nos levou às urgências. Porque é que não foi feita uma reavaliação do estado hemorrágico em termos de análises?;
- Dado que o Simão tinha pancreatite e dado que os valores de Lipase, estavam bastante alterados, porque é que não deram nenhuma substância à base de morfina? Pois as dores, com estes valores, certamente seriam enormes.
Posto isto, e na nossa opinião, houve um grave caso de negligência médica, falta de cuidado, falta de respeito, falta de consideração, principalmente pelo Simão, e uma falta de profissionalismo, nas várias fases de todo este processo, o que não deveria acontecer num Hospital que forma centenas e centenas de médicos veterinários. O HFMV deveria primar pelo exemplo e não o contrário.
Deparamo-nos com um enorme sentido de injustiça, de revolta, de indignação e de tristeza, pois o Simão era um cão, que embora tivesse um quadro clínico bastante condicionado, sempre ultrapassou todos os diversos tratamentos que teve pela frente. Era uma luta diária, não só dele, mas também nossa. E saber que ele faleceu, num espaço de tão poucas horas, não tendo, na nossa opinião, a assistência e cuidados devidos, deixa-nos completamente frustrados e não consideramos que tenham feito tudo pelo Simão. O destino até poderia ser o mesmo, mas o tratamento teria de ser totalmente diferente.
No que depender de nós, o Hospital nunca mais será uma referência.
Queremos deixar o nosso obrigado à Dra. Joana Dias, que não está incluída nesta nossa reclamação, pois sempre demonstrou todo o profissionalismo, cuidado e carinho pelo Simão, explicando sempre com bastante clareza e pormenor, todo o quadro clínico e respectivos tratamentos.

Estefânia Queimado
Data de ocorrência: 13 de agosto 2023
Esta reclamação foi considerada sem resolução
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