Um Ministério do Consumidor: a mudança necessária para Portugal

Carta Aberta ao Novo Governo.

Um Ministério do Consumidor: a mudança necessária para Portugal

Caro Luís Montenegro,

No âmbito do Dia Mundial para os Direitos dos Consumidores, celebro esta data refletindo sobre as promessas e expectativas para a próxima legislatura. Analisando o programa eleitoral da Aliança Democrática, observo propostas encorajadoras relativamente aos direitos dos consumidores.

Enquanto fundador do Portal da Queixa, sempre estive atento às necessidades dos consumidores e às políticas que os impactam, contudo, durante anos, sob a liderança do anterior Primeiro-Ministro António Costa e do Partido Socialista, várias questões permaneceram ignoradas ou insuficientemente abordadas, no que aos direitos dos consumidores respeitam. Por exemplo, a literacia digital dos portugueses continua em queda livre, aumentando o número de burlas informáticas a cada ano. Os organismos reguladores do estado, afastaram-se dos cidadãos, servindo apenas interesses políticos, caindo em descrédito por quem deveriam proteger. As autoridades de supervisão, continuam sem meios e recursos humanos para terem capacidade de resposta e antecipação, tornando-se apenas num mecanismo de reação rápida, para a aplicação de coimas. Como se não bastasse, a Direção-Geral do Consumidor é hoje, um organismo obsoleto, sem impacto social e dinamismo.

Em comparação, as medidas programáticas propostas pela Aliança Democrática, no processo de campanha eleitoral, sugerem um caminho mais promissor e abrangente.

Além disso, um aspeto crucial que o novo governo deve considerar é a baixa literacia financeira e digital dos consumidores portugueses, destacada num recente estudo que coloca Portugal em penúltimo lugar na União Europeia neste domínio. Este é um indicador preocupante, especialmente numa era onde a digitalização está a transformar rapidamente os nossos hábitos de consumo. É imperativo que o governo implemente medidas robustas para combater esta lacuna, como programas de formação digital acessíveis a todas as faixas etárias, campanhas de sensibilização sobre a importância da literacia digital e parcerias com entidades educativas e tecnológicas. Apenas através de uma abordagem inclusiva e abrangente poderemos garantir que todos os cidadãos estejam equipados com as ferramentas necessárias para navegar com confiança no espaço digital.

Portanto, destaco algumas propostas específicas do seu programa eleitoral:

Transparência e Regulação Mais Efetiva: É essencial que a transparência nas transações comerciais seja aumentada e que a regulação do mercado seja reforçada, sem criar burocracias excessivas. Exemplo disso, tem sido o novo fulgor com que a ANACOM tem demonstrado vontade para a mudança de paradigma, alavancada pela nova presidência, em comparação com a anterior.

Digitalização e Acessibilidade: A aposta na digitalização dos serviços relacionados com os consumidores é louvável, mas deve ser inclusiva, permitindo o acesso a todos os cidadãos. Não será certamente com programas improcedentes como o “Eu sou digital” que tinha a ambição de capacitar pelo menos 1 milhão de portugueses, a navegarem autonomamente e em segurança na internet, com o apoio de formadores voluntários, que por si só não garantiam as competências necessárias para o efeito. É fundamental respeitar as necessidades prementes e reais dos cidadãos e não os colocar numa posição ainda mais frágil com “uma falsa sensação de segurança”.

Educação para o Consumo: A inclusão de iniciativas de educação para o consumo nas escolas é um passo significativo para fomentar uma sociedade mais informada e consciente. Sendo Portugal o segundo país da União Europeia (UE) pior classificado em matéria de literacia financeira, sobre questões como inflação e juros, foi com enorme estupefação que os portugueses assistiram aos votos contra, por parte do PS e BE na Assembleia da República, acerca do projeto de resolução n.º 952/XV/2.ª, assinado pelo grupo parlamentar da IL, que recomendava ao Governo que este desse "a preponderância devida à literacia financeira em contexto escolar".

Sustentabilidade e Consumo Responsável: A promoção de práticas sustentáveis é fundamental, mas deve assegurar que os consumidores não sejam sobrecarregados financeiramente, especialmente os de menor rendimento.

Contudo, refletindo sobre o passado e olhando para o futuro, questiono: E por que não um Ministério do Consumidor? Seria um passo audacioso e significativo, demonstrando um comprometimento real com os direitos e bem-estar dos consumidores em Portugal. Este novo governo tem a oportunidade de se destacar, indo além das promessas e implementando políticas efetivas que verdadeiramente beneficiem os consumidores.

Mantenham-se fiéis às vossas promessas e estejam atentos às necessidades reais dos consumidores. Estaremos vigilantes e esperançosos de que esta legislatura marque uma mudança positiva na proteção e promoção dos direitos dos consumidores em Portugal.

 

Atenciosamente,
Pedro Barros Lourenço
[Fundador do Portal da Queixa]

 

Opinião publicada: LÍDER Magazine


Comentários(2)

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CARLOS ALBERTO DIAS PATRÍCIO

FELICITO O AUTOR DESTA NOTÍCIA - ACOMPANHO O MESMO NA NECESSIDADE DO CONSUMIDOR SER EDUCADO NO SENTIDO DA DEFESA DOS SEUS PRÓPRIOS INTERESSES E PEÇO QO PORTAL DA QUEIXA QUE SE CONSAGRE O PRIMEIRO NOME DE UMA LISTA QUE FALTA NO SENTIDO DE ACABAR COM O ABUSO QUE SE TEM VERIFICADO PRINCIPALMENTE NOS PREÇOS DOS PRODUTOS ALIMENTARES. - OBRIGADO

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CARLOS ALBERTO DIAS PATRÍCIO

FAZ FALTA QUE O PORTAL DA QUEIXA SEJA MAIS OBJETIVO AO PERMITIR APRSEENTAÇÃO DE QUEIXAS OU SUJESTÕES RELACIONADAS COM PROBLEMA GENÉRICOS, NOMEADAMENTE QUE CONCEBA A POSSIBILIDADE AO CONSUMIDOR DE APRESENTAR QUEIXAS E COMENTÁRIOS SOBRE AS MAL PRÁTICAS QUE SE ESTÃO A TORNAR EM "SISTEMA" COM A ALTERNÂNCIA DOS PREÇOS DOS PRODUTOS ALIMENTARES, COMPARANDO - ORA BAIXANDO OU SUBINDO O PREÇO DO MESMO PRODUTO PERIÓDICAMENTE SEM QUALQUER JUSTIFICAÇÃO - IMITANDO O DESCALABRO QUE SE PASSA COM OS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS AUTO. OBRIGADO - PODEM CONTAR COM A MINHA TOTAL COLABORAÇÃO !

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