Agências britânicas ensinam turistas a apresentar queixas falsas em Portugal

Esquema fraudulento em hotéis de tudo incluído, encorajado por operadoras turísticas, incita a falsas intoxicações alimentares e pedidos de reembolso. Prática já lesou hotéis em 60 milhões de euros.

Agências britânicas ensinam turistas a apresentar queixas falsas em Portugal

Turistas britânicos estão a ser incentivados a fazer falsas queixas de intoxicações alimentares às companhias de seguros para receberem indemnizações. Devido a este crime já existem hotéis lesados em 60 milhões de euros e detenções de pessoas envolvidas com as operadoras, em Espanha. Inclusivamente já há hotéis no país a acabar com o regime de tudo incluído.

O esquema “começou a ganhar um impacto brutal em Espanha com angariação de escritórios de advogados pouco escrupulosos e colaboradores que circulavam em carrinhas, junto aos hotéis, a dizer Get Your Holidays for Free [Consiga férias grátis]”, explicou Cristina Siza Vieira, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), à TVI24.

Casos semelhantes foram reportados em Portugal, na Grécia e na Turquia. “Não temos números exactos. Em geral, desde há três anos, este tipo de fraude aumentou 500%, sobretudo em Espanha, mas em Portugal também”, explicou à TVI24, Sean Tipton, da ABTA, a Associação de Agências de Viagem e Operadores Turísticos do Reino Unido.

Mas como é que os hóspedes e as operadoras saem impunes? É orquestrada uma  chantagem que empurra para acordos extrajudiciais de forma a evitar julgamentos, depois de feitas as reclamações. Como a lei britânica é muito abrangente e permite que as queixas sejam feitas até três anos depois da alegada doença gástrica, os turistas e advogados têm o poder sobre a situação.

Em todo o caso, estes crimes já estão a ser observados pelas autoridades britânicas.

O Algarve e a Madeira são os destinos turísticos em Portugal mais visitados por britânicos, contudo são poucos os grupos hoteleiros que praticam a modalidade de tudo incluído, pelo que o alcance da fraude não é tão grave em Portugal como no país vizinho.

Numa entrevista à TVI24, fonte oficial do grupo Pestana avançou que teve “cerca de 20 queixas” no final do ano passado. Queixas essas que estão relacionadas com estadias em 2014 “e que, quer durante as estadias, quer posteriormente, nunca nada reportaram, nem ao agente de viagens, nem ao hotel”. Perante estes casos, o grupo Pestana declina quaisquer responsabilidades indicando que agora seguem as vias normais.

O Grupo reforça ainda que os seus hotéis são auditados de forma rigorosa e regularmente, havendo uma “preocupação dos responsáveis em cumprir com as directrizes dadas pelos auditores em função das boas práticas recomendadas e requisitos legais, em vigor em matéria de Higiene e Segurança Alimentar.” Conclui que as reclamações infundadas não terão viabilidade no Grupo.

Com a chegada do Verão a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), representada por Cristina Siza Vieira, refere que a entidade está com atenção redobrada para eventuais acontecimentos e estima que possam existir alterações à lei até o final deste ano.

Já a associação de viagens britânica (ABTA), através de um representante contactado pela TVI24, felicitou o facto de a mensagem estar a ser passada, e  salientou que é uma minoria que está a “manchar a imagem dos turistas britânicos”.

 

Fonte: Jornal Económico


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