Hotel Dom Pedro Golf Resort - Promotores Burlões em Vilamoura

Carissimos,

No fim da Primavera de 2013 fui abordado por um jovem numa rua de Vilamoura com as já tristemente célebres raspadinhas que podem premiar a pessoa em causa com coisas tão diversas como um jantar, um fim de semana ou uma semana de férias nas unidades hoteleiras do Grupo D. Pedro. Perfeitamente ciente do que trata esse tipo de ofertas comecei por negar, negar e negar até que o argumento do jovem rapaz me fez vacilar. É estudante, vive do pouco rendimento que aquilo lhe pode dar e que, bastava eu ir ao hotel levantar a oferta para que a comissão dele estivesse garantida. Tipico! Até aqui não posso fazer o papel de anjinho pois já tinha "embarcado" nesta lenga lenga noutras ocasiões e com outras unidades hoteleiras (diga-se de passagem sempre com péssimos resultados e pilhas de nervos acumuladas).
O que acontece daí em diante é que é o mais rocambolesco e que envergonha qualquer cidadão de bem ou qualquer Estado dito de Direito. Mais uma vez repito, sei para o que ía, sei que ia ser esfregado no meu cérebro com a intrujice de férias para toda a vida e aquele blabla que muitos de nós conhecemos. Vinha preparado para tudo menos para o que aconteceu.
Comecei por ser atendido por um sr. muito educado e cortês (como aliás todos eles costumam ser até determinado ponto) que, depois de me apresentar o produto e de verificar o meu eventual interesse, chamou um "supervisor" que tomou conta do negócio a partir daí. A apresentação do produto estava feita já. Tratava-se de uma semana de férias no Hotel D. Pedro Portobelo, uma semana de Outubro num apartamento T2 podendo desfrutar de todas as infraestruturas do hotel como é costume.
1º entrave, o facto de se tratar de uma semana de Outubro. Ninguém goza férias em Outubro no Algarve e muito menos eu! Pois é, eu teria de ver então este negócio como um investimento segundo me diziam. De acordo com o que me foi transmitido com o ar mais cândido e puro deste mundo foi que, Outubro e particularmente a semana em causa, trata-se da melhor altura para arrendamentos já que, é a altura em que começa a fazer frio, a nevar pela Europa fora e todos os aficionados do Golf caem em catadupa em Vilamoura para gozar do tempo ameno do nosso país. Desconfiei, torci o nariz, argumentei, fiz o que a minha consciência dizia mas, asseguravam-me que estava errado! E quem sou eu para dizer o contrário então? Convenci-me (porque habilmente me levaram a isso) de que em Outubro Vilamoura vira a Meca do Golf Mundial.
2º entrave, o facto de em circunstância alguma ir para o Algarve gozar férias em Outubro. Lá está, compraria a semana não para mim mas para arrendar, com a tal perspectiva de negócio. E quais eram as rentabilidades do negócio? Bem, muito fácil...a rentabilidade era tal que em 5 segundos e com umas contas de cabeça, daria sempre acima de qualquer taxa de juro praticada por qualquer banco no nosso país. E quando digo acima, digo sensivemente 4 vezes acima do que era praticado. Ora dispondo eu de dinheiro no banco a render o que se sabe, ouvindo aquilo a conversa começou a interessar um pouco mais. Como se processava? Todos os anos em Fevereiro, teria de informar o grupo D. Pedro de que prescindia da minha semana e que a queria arrendar. Automaticamente o grupo em causa depositaria em Fevereiro e antecipadamente o montante referente ao aluguer de um T2. (!!!!). Tenho para mim que mesmo o mais incauto dos tansos teimaria em desconfiar de tanta bondade e gentileza e, eu não fui excepção. Desconfiei, rebati, perguntei e tornei a perguntar se as condições eram aquelas que me apresentavam e, se fossem, porque não investir neste ramo se os juros eram bem superiores perguntava-me eu?!
3º entrave, como se não bastase tamanha abundância ainda passaria a ser sócio de um tal de grupo RCI do qual nunca tinha ouvido falar e nem sabia do que se tratava mas, foi apresentado como uma coisa tão espectacular e boa que levava familias inteiras a Cuba, aqui ou acolá por uns miseros 200€ por pessoa se procurássemos bem as épocas certas. O exemplo que foi dado foi o do próprio supervisor que tinha supostamente feito umas férias de lorde em Cuba à conta das poupanças que o grupo RCI lhe proporcionou e, provavelmente à conta de outros parvos que se deixaram intrujar em conversas como aquela, mas adiante...
Inclusivamente expliquei que viajo bastante nomeadamente para Angola e que gostava de saber se o tal grupo podia render descontos nessas viagens também! Obviamente que sim, o grupo RCI parecia uma coisa caída do céu e que apenas meia duzia de predestinados tinham conhecimento e acesso às suas regalias. Portanto, era o investimento na semana de férias que rendia balurdios e ainda mais essas viagens, estadias em hotéis, possibilidade de trocas de semanas com outros sócios, etc etc.
4º entrave, confesso que o tal de RCI até nem me despertou muito a atenção, eu já só me concentrava na rendibilidade do investimento que me continuavam a assegurar que era mesmo aquilo que me diziam enquanto rabiscavam valores e mais valores numa folha branca que, de tanto número e de tanto entusiasmo com os valores obtidos, nem essa folha branca consegui guardar. O entrave que se seguiu dizia respeito ao valor do investimento, isto já depois de, na minha cabeça ter estipulado um valor até ao qual podia ir, tinha dinheiro guardado a render mas não sou rico e, como tal, não posso andar a brincar aos imobilíarios. Apresenta-se o preço com todas as regalias a que tinha direito e, aquele sonho de ver crescer anualmente a conta bancária com juros na casa dos dois digitos, esfumou-se. Os valores iam para lá daquilo que eu intimamente tinha pensado. Numa fracção de segundos, como a proposta era tão boa, praticamente irrecusável, ainda pensei na hipótese de um empréstimo para aquele efeito. Não era descabido de todo, pedia a uma taxa de juro, recebia uma taxa de juro superior e ainda tinha o direito de usufruto eternamente, não me parecia mau. Em boa hora não o fiz! O descalabro, a minha desgraça foi quando o dito supervisor de quem tenho bem guardado o nome na memória e apresentarei no local certo, me apresentou um preço final, uma ultima proposta. Reduziu o valor para metade eu caí. Caí porque numa circunstância normal, qualquer individuo com algum dinheiro para investir, investia. as condições eram óptimas e eu fiz todas as perguntas que queria fazer obtendo resposta a todas elas. Cada resposta melhor que a anterior, cada valor melhor que o anterior, cada condição digna de um punhado de predestinados como eu me estava a sentir naquele momento. Fechei negócio, eu e a minha mulher que assistiu a tudo isto aqui relatado bem como outros casais que estavam nas imediações da piscina do Hotel D. Pedro Portobelo a serem "escovados" com um potentissimo detergente nos seus cérebros (se adivinhasse o futuro, tinha ficado com o nome de cada um deles para serem minhas testemunhas).
O passo seguinte foi visitar o apartamento que, no meio da desgraça que se seguiu nos meses posteriores, era a unica coisa boa no meio daquele negócio aparentemente licito e dentro das regras.
O preço variava e tinha condições. Se pagasse a pronto tinha desconfo e podia desde logo usufruir dele ou, colocá-lo para arrendar. Se fosse com recurso a crédito, só no fim desse mesmo crédito podia então dar instruções para procederem ao arrendamento. Paguei a pronto...nessa mesma tarde! Dirigiram-se a um multibanco comigo e, voilá...transferência feita, negócio fechado.
5º entrave, está bom de perceber que tudo aquilo que me foi dito, pelo menos as partes positivas, nada disso ficou escrito em lado nenhum a não ser na dita folha branca cheia de rabiscos, números e outros que tais. Daí a perceber que, afinal de contas o Grupo D. Pedro nem em julho e agosto consegue ou pode garantir que arrenda apartamentos, quanto mais em Outubro!? Que afinal de contas, o grupo RCI tem pseudo vantagens das quais não usufruí, não vou usufruir e nem quero mais ouvir falar (tudo farei para que, no que depender de mim, mais nenhum associado venham a ter). Que afinal de contas o supervisor não é funcionário do Grupo D. Pedro e que, portanto, o Grupo D. Pedro se sente totalmente alheio a todas as aldrabices, esquemas, informação escamoteada e falseada, etc etc etc que esse senhor passa para as pessoas que estão à sua frente.
Enfim, a conversa vai longa e muito mais haveria para contar com detalhe que ainda está bem fresco na minha cabeça. O que aqui vêm é um pedido de ajuda, uma tentativa de que alguém ao ler estas linhas e se encontrar na mesma situação, que me possa contactar para que possamos tomar alguma atitude. Preciso de testemunhas apenas, é o que peço.