A minha mãe estava acamada, pois possuía um meningioma (tumor cerebral). Por esse motivo estava na minha casa e não na sua área de residência (Anadia).
Na tarde do dia 12/06/2022 a minha mãe começou a ficar mais apática, pelo que telefonei para o 112 e deu entrada nas urgências do Hospital Amato Lusitano.
Foi atendida pelo médico de serviço que mandou fazer análises e um rx abdominal (eu referi que tinha receio de haver algum problema intestinal). Não mandou fazer TAC porque, segundo ele, não valia a pena, pois já se sabia o que a minha mãe tinha. Depois de conhecidos os resultados das análises, sem nada relevante a considerar, a minha mãe foi mandada para casa.
Aqui começa o problema... sendo ela doente oncológica e acamada, deveria ter uma credencial para ser transportada em ambulância para minha casa. Mas não teve... e eu, mal informada relativamente a este assunto que, para mim, era novo, transportei-a com dificuldade na minha carrinha, pois nem os bombeiros de castelo branco se mostraram disponíveis para o fazer.
Ao dar o jantar à minha mãe, em minha casa, ela teve uma convulsão... novamente contactei o INEM que a transportou para o hospital Amato Lusitano.
Novamente atendida pelo mesmo médico, não fui muito bem recebida, pois já era a segunda vez que lá ia... Depois de uma conversa não muito agradável, pois fica o sentimento de não vale a pena muito mais que o caso dela é grave, eu pedi que ela fosse vista por um especialista - neurocirurgião (serviço que não existe neste hospital) para fazer uma avaliação da situação. Eu fiz referência ao serviço de neurocirurgia de Coimbra (HUC) que seguia a minha mãe e onde ela já tinha sido operada no dia 26/10/2021.
Depois do impasse gerado, pois o médico não queria fazer muito mais pela situação, resolveu chamar um médico da medicina interna.
É de referir que a minha mãe assistia a toda esta situação deitada numa maca, mas plenamente consciente de tudo o que se passava.
Sou chamada para falar com o médico de medicina interna. E é lamentável que um médico novo seja tão insensível a uma situação delicada tanto do paciente, como da acompanhante. Com uma postura de superioridade, costas direitas e braços cruzados, não adiantou muito. Apenas prometeu contactar Coimbra ainda nesse dia e depois telefonar-me para dar conhecimento da conversa com os colegas de Coimbra (tal como referiu). Ainda hoje aguardo a chamada a informar-me da dita conversa com Coimbra. Não acredito que tenha acontecido...
A minha mãe ficou no hospital, não por discernimento da parte destes dois médicos, mas porque eu recusei-me a trazê-la para casa após uma convulsão e sem transporte adequado...
No dia seguinte, de manhã, fui para o Hospital e depois do almoço a minha mãe teve alta. Uma médica (medicina interna) explicou-me que tiveram que aumentar a medicação. Deu-me uma receita para levantar na farmácia do hospital um corticóide mais forte e entregou-me uma credencial para solicitar transporte pois tratava-se de uma doente oncológica.
Assim, sinto que os dois médicos que me atenderam dia 12/06 poderiam ter feito muito mais pelo direito plasmado na Lei n.º 15/2014 Artigo 4.º Adequação da prestação dos cuidados de saúde:
1 - O utente dos serviços de saúde tem direito a receber, com prontidão ou num período de tempo considerado clinicamente aceitável, consoante os casos, os cuidados de saúde de que necessita.
2 - O utente dos serviços de saúde tem direito à prestação dos cuidados de saúde mais adequados e tecnicamente mais corretos.
3 - Os cuidados de saúde devem ser prestados humanamente e com respeito pelo utente.
Lamento muito a falta de humanidade e de compreensão para com a doente e para comigo.
No dia 17/06 levei a minha mãe para uma instituição em Aveiro, perto do hospital onde foi diagnosticado o meningioma (Hospital Infante D. Pedro - Aveiro) e mais perto dos HUC, hospital onde era acompanhada e onde tinha sido operada no final de 2021.
Data de ocorrência: 12 de junho 2022
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