Hospital Garcia de Orta - Falta de condições

A nossa saúde está a precisar de tratamento urgente!
O meu pai chegou ao Hospital de Almada de ambulância, sexta-feira passada, depois de uma aparatosa queda na rua. Ao início da noite, recebemos o diagnóstico do Serviço de urgências, fratura cirúrgica grave, que exige internamento. Sobe ao piso 3, Oftalmologia, por não haver camas em Traumatologia. Logo aqui nos é dito que a Operação pode demorar 2 ou 3 dias, 2 semanas ou mais, não conseguem prever, mas que não pode aguardar em casa dada a gravidade e porque perderia a vez. Passa-se todo o fim-de-semana sem que seja visto por qualquer médico. Chegamos a segunda-feira e decido falar com um médico do serviço que me diz que, de facto, a situação está muito complicada e ao ver a listagem no computador que nunca menos que daí a uma semana (já lá estávamos há 3 dias) mas que tem pessoas há um mês para operar, porque só existe um Bloco para todo o Hospital. Parece-me um contrassenso que um doente que tem de ficar internado porque a sua situação é grave tenha depois de esperar não se sabe quanto tempo para ver a sua situação resolvida, com dores incríveis, mais ainda quando parece que o Hospital precisa desesperadamente de camas, se os coloca em serviços que nada têm a ver com o seu problema.
Contactámos um Hospital privado, e apurámos a disponibilidade de um dos maiores especialistas em ombro, para realizar a operação. Requeri uma "alta a pedido" e peço ao Hospital todos os exames que tínhamos feito (RX, TAC) para poder avançar com a cirurgia noutra instituição. Facultam-me os RX impressos e dizem-me que para ter as imagens devo dirigir-me ao Gabinete do Utente, o que faço à saída. Entregam-me, de soslaio, um documento que devo preencher e dizem-me que enviarão para casa do doente em 3 dias. Explico a urgência e pergunto se é possível enviarem diretamente para o mail da Instituição em que a cirurgia ía ocorrer, a que se negam. A operação realizou-se ontem. Tinha uma fratura grave do colo do úmero, com rutura do músculo e quase a perfurar a pele. Chegou com a mesma imobilização que permanecia desde sexta-feira, os dedos estavam imobilizados desde essa altura e já estavam com dificuldade em voltar a mexer.
É o sistema, com certeza, a falta de recursos, mas são as pessoas, acima de tudo, que fazem de qualquer Instituição aquilo que ela é. A boa vontade, a energia, o gostar inato de ajudar o outro, o respeito pelo sofrimento. E se questionamos alguma coisa, recebemos um caaalma, tenha caaaalma...
A nossa solução foi abandonar o Hospital!..mas será justo, depois de uma vida em que se pagaram impostos, e não foram poucos, termos de gastar as nossas economias a resolver um problema em que o Estado se revelou incapaz?!
Passei a acreditar que a solução talvez passe por entregar a gestão dos hospitais públicos a grupos privados. Entramos noutro Mundo, onde somos tratados com consideração, onde há carinho e boas palavras.
Hospital de Almada, desde a senhora que aos gritos expulsou todos os acompanhantes que se encontravam nas urgências, porque entre as 15h e as 17h era feita a passagem de turno, até ao médico, por quem esperei mais de 1h para poder fazer uma pergunta, ou um outro que me dizia "o que é que quer, tem 2 velhos em casa", ou a pessoa do Gabinete do Utente que se negou a encontrar alternativa para a entrega das imagens, todos nos fizeram sentir que o Sistema está podre, a precisar de reforma urgente, de alguém que intervenha rapidamente!