Royal Air Maroc - Minha história romântica em casablanca

Olá! Provavelmente pensas em viajar: estás a procurar uma boa companhia aérea, certo? Aquela que te ofereça uma experiência fantástica, inesquecível? Esse é ao lugar correto! Leia abaixo minha história romântica em Casablanca. Um oferecimento Royal Air Marrocos. Boa leitura!

CAPÍTULO 1 | TUDO COMEÇA (ERRADO) QUANDO O SEU FOCO É PREÇO
Estava à procura de um voo com um bom preço. Sairia do Brasil, onde trabalho atualmente, para Portugal, para visitar minha família. Apenas duas semana - ida e volta. Assim, preço era algo importante e resolvi apostar que teria uma boa experiência com a Royal. Seria minha primeira (e última) viagem com a empresa.

CAPÍTULO 2 | A IDA
Meu voo saiu de São Paulo. Na partida, tudo certo: um bom avião e um bom serviço de bordo. Pensei, "É, você não fez errado em optar por comprar com a Royal" #SQN. Ao chegar em Marrocos fiquei um pouco impressionado com o estado de conservação do aeroporto. Comunicação no desembarque um pouco confusa. Até aí, tudo bem.

Ao chegar ao avião que me levaria de Casablanca para Porto, logo percebi que algo estava errado. O teto do avião estava sujo. Olhei para os compartimentos das bagagens e tudo estava cheio de marcas de mãos. Havia um bom tempo que a equipa de limpeza não passava por ali. Fiquei com medo: se o avião está assim por dentro, onde é fácil fazer manutenção, o que podemos pensar do motor? Mas, já que estava ali, o que poderia fazer? Nada. Era rezar.

A experiência nessa primeira etapa São Paulo - Porto ainda me reservou a oportunidade de ir com um miúdo ao meu lado, que apesar de muito simpático, não parou um minuto. Quase pensei que se tratava de um teste de paciência gravado por alguma equipa de TV. Quando o avião chegou ao Porto e levantamos para desembarcar, a senhora no banco ao lado virou-se para mim e disse: "Olhe, você vai para o céu".

Posso dizer que a experiência até então me dizia que a Royal Air Marrocos realmente tinha um preço mais baixo por conta de ser fraca no oferecimento de excelência em serviços, que se expressa nos mínimos detalhes, como um avião limpo. Ok, é o preço que se paga quando o que importa apenas é o custo. Mas já estava a pensar no futuro: não sei se comprarei passagens por aqui novamente...

CAPÍTULO 3 | A VOLTA
Ah! Estás curioso? Afinal, onde está a experiência romântica? Calma, agora é que começa a história, na volta. No dia marcado, saio de casa e chamo um Uber para me levar ao aeroporto. Eis que chega um SMS a avisar que o voo estava cancelado. Tirei a mala do Uber. Sim, estava a embarcar no carro. Cancelei o pedido e resolvi ir ao aeroporto para saber mais, já que o voo havia sido remarcado para o dia seguinte.

Peguei o carro com minha mulher e parti para o aeroporto, levando a mala (vai que posso despachá-la logo). Chegando lá, fui ao balcão da Royal para saber sobre o voo; e eis que sou comunicado de que meu avião já estava a sair. Sim! Eu iria perder o voo. Mas como? No atendimento explicam: "o voo cancelado foi o de Casablanca para São Paulo. O do Porto para Casablanca está ok". E eu olho o SMS e digo: "onde está escrito isso nessa mensgem?".

Assim, no susto, pergunto como seria em Casablanca, já que o voo está cancelado. E explicam que está tudo certo: basta ir que lá a equipa dará as instruções. Dito isto, me despedi e parti para Marrocos.

CAPÍTULO 4 | AS PRELIMINARES
Minha experiência começa a ficar mais "sexy" a partir de então... Cheguei em Marrocos e as "preliminares" são com o aeroporto repleto de passageiros da Royal Air Marrocos, indo ou vindo de Portugal e Europa, sem orientação clara. Depois de algum tempo, toda a gente vai para a porta do escritório da Royal para saber explicações. Ficamos assim, a esperar por quem atendesse, por 3 horas. Eis que depois de muito tempo explicaram que iríamos dormir em Casablanca, num hotel selecionado pela companhia. Esperamos por mais um hora, passamos pela imigração, e depois disso fomos levados para o autocarro que nos conduziria para o hotel. Pensei, finalmente! Daqui a pouco estarei num quarto, com conforto. Tudo tem seu final feliz...

CAPÍTULO 5 | O AUTOCARRO E A MARGARIDA
Eu pensava que o avião sujo fosse um padrão de experiência Royal reservado apenas para longas distâncias. Mas, surpresa... A Royal também te proporciona tal deleite em vias urbanas. O autocarro estava imundo, cheirando mal, com chicletes por todos os lados.

Estás achando ruim? É que não te contei da Margarida... Ah! Não sabes quem é Margarida? É o nome que dei à mosca com quem vim por 1h30 até o hotel a lutar para fazê-la parar de pousar em mim. O nosso relacionamento foi tão intenso que resolvi dar a ela um nome carinhoso.

Bem, lembra-se que escrevi 1h30 até o hotel? É isso mesmo. Pensei que a Royal tinha mudado os planos e que eu chegaria em São Paulo de autocarro .

CAPÍTULO 6 |THE (BAD) ROMANCE
Cheguei ao hotel e assim findaram as preliminares. Vamos ao que interessa: minha experiência romântica com a Royal Air Marrocos. Eu, pessoa inocente, cheguei e gastei meu francês "Le livre est sur la table!" com o concierge do hotel. Depois, conversei com um grupo de passageiros e fui ter o jantar; até que resolvi pedir o meu quarto. Estava tarde e o voo seria cedo. Tinha que dormir.

O concierge explica: "olhe, o quarto do senhor é um quarto duplo, como dos demais passageiros que já subiram. O senhor tem que escolher uma pessoa para dividir o quarto. E pelo que vejo só tem mais um pessoa na mesma situação."

Ah! Gostou da surpresa da Royal Air Marrocos? Depois de um dia inteiro de experiências disruptivas, mais essa. Olhei para a pessoa com quem dividiria o quarto. Ela olhou para a mim. Era um rapaz, também indo para São Paulo. Olhávamos, constrangidos pela demonstração de carinho da Royal com passageiros que têm voos cancelados. Esta empresa realmente gosta de proporcionar momentos únicos... Pegamos a chave e subimos.

E começa meu (bad) romance, by Royal, já no elevador. É que a cabina do mesmo era tão estreita que virar o rosto seria o mesmo que esfregar os narizes. Ou seja, já não chega ter que dormir com um estranho no mesmo quarto, ter também que passar por mais essa. Mas tudo deu certo. Não rolou beijos nesse momento (nem depois :P).

CAPÍTULO 7 | NOSSO NINHO
Imagine, leitor, minha situação. Entro no quarto com o meu novo companheiro de aventuras. Fechamos a porta e seguimos pelos corredor. E a Royal nos oferece uma nova surpresa. Que empresa fantástica: a cama é de casal. Pensei: quando tudo pode piorar, por que não piorar mais ainda? Na hora ficou um clima estranho. O que falar, o que dizer? Olhei para o meu companheiro de quarto e senti o mesmo constrangimento. Minha saída na hora foi pegar o telemóvel para olhar se havia wifi, sentando de um lado da cama, como quem toma posse de um pedaço de território. O silêncio grita(!) no quarto de hotel em Casablanca. Obrigado Royal por mais esta!

Passados 2 minutos, voltamos a trocar palavras: "então, está calor... Será que há ar condicionado aqui?" Procuramos onde ligar o tal aparelho e nada. Resolvi voltar no Concierge para treinar mais um pouco do meu francês. Na recepção, ele explica que o botão está na parede, que não há controle remoto. Volto ao quarto e procuro novamente. Estava atrás de uma das portas. Vários botões. Carreguei e pensei aliviado: finalmente vou me livrar desse calor de 30 graus à sombra. Mas nada de ficar frio. Troco mais palavras com meu companheiro de quarto, que sugere carregar outros botões. Depois de muito tentar, fui ao Google Maps para perceber o que falavam do hotel. E nos reviews estava a verdade: os aparelhos geralmente não funcionam. Que bom !

CAPÍTULO 8 | A CERVEJA
Meu companheiro de quarto resolveu então que seria melhor ele descer e tomar uma cerveja. Pensei: é agora! Vou esperar ele sair, vou tomar um banho e dormir (com a mesma roupa - as malas estavam todas no aeroporto). Abro a porta da casa de banho, carrego na luz e abro a torneira. A água que sai é turva. Ok! Deve ser porque há muito tempo deve estar fechada. Mas não, é assim mesmo. O que é água turva para quem já viveu tudo isso até agora?! Vamos lá! Encarei a água assim mesmo, a agradecer mais essa experiência Royal Air Marrocos. Acabado o banho, coloquei minha roupa e fui para a cama. A estratégia era clara. Se a cama é a mesma, para diminuir o constrangimento vou deitar logo, apagar as luzes e dormir. O calor era escaldante, sem ar. Abri a janela e deitei.

CAPÍTULO 9 |O MOSQUITO E A LUZ DA RUA: EIS O GRAND FINALE
Como a janela estava aberta por conta do calor escaldante, fui acordado de madrugada por um mosquito. No escuro do quarto, abro os olhos e penso: vou aproveitar e ir à casa de banho. Sento à beira da cama e tomo coragem para levantar e me arrastar até o meu destino. Lá, sacio a vontade fisiológica ainda de olhos fechados. Finalizada essa parte, saio da casa de banho, apago a luz e sigo de volta à cama.

Na penumbra, com a luz da janela aberta, avisto um vulto. Paro instantaneamente. Meus olhos ainda não acreditam. Os esfrego para tentar acordar. De longe, ainda à porta da casa de banho, avisto uma silhueta deitada na cama. Algo cheio de curvas, misterioso; e que me deixa desconfiado: o que está a se passar? Com os olhos abertos depois de esfregá-los, reconheço o cenário: meu companheiro de quarto estava nu, delicadamente ajeitado do seu lado da cama, coberto apenas pela luz da rua que entrava pela janela.

"Oi?!" É, pensei alto. É isso mesmo, estava a ter meu momento romântico em Casablanca e nem sabia (estava a dormir). Ainda bem que o mosquito me chamou nessa madrugada para viver mais essa experiência caliente by Royal Air Marrocos.

Ali em pé, no escuro, tinha duas opções: ou descia as escadas e dormia no hall do hotel ou dormia ali mesmo. Foi como um tiro: "vou dormir aqui e quero ver o que vai acontecer. Que desaforo! É, o sono vencia a minha racionalidade naquele momento. Porém, não a minha valentia: levantei as cobertas e fiquei na beira da cama, só com os olhos de fora, como se vestisse uma burca marroquina.

Duas horas depois, debaixo das cobertas, fazia sauna. No primeiro sinal de que as luzes do dia raiavam, levantei as cobertas como quem vai cortar o fio vermelho de uma bomba. Peguei minha mochila que estava ao lado da cama e sai como um gato, sem fazer barulho. Desci para o hall e fui ter o pequeno almoço. Meia hora depois, eis que chega meu companheiro de quarto. E com toda sua simpatia me diz: "Olá, bom dia! Dormiste bem?

O que você responderia, Royal Air Marrocos?