Começo por avisar que este não é o meu caso pessoal, mas o de uma pessoa que me é muito chegada, que acompanho diariamente e, por isso, venho aqui expor a situação. Porque considero que esta ocorrência é escandalosa e tem de ser denunciada:
Até ao dia 31 de dezembro de 2019 o fármaco Fampyra (medicamento para doentes com esclerose múltipla) era comparticipado pela ADSE, pois apesar de não haver ainda decisão de financiamento estava incluído no Programa de Acesso Precoce a Medicamentos (PAP), uma situação que se mantinha já há vários anos.
Todavia, em fevereiro de 2020, sem ter havido qualquer explicação ou comunicação prévia por parte da ADSE, quando tentaram levantar o medicamento nas farmácias hospitalares os doentes com EM foram confrontados com o facto de que o mesmo deixara de ser comparticipado e se o queriam continuar a tomar tinham de pagar a totalidade do seu valor.
Ou seja, de 103,15€ por cada caixa com 56 comprimidos (a tomar 2 por dia, o que faz com que uma embalagem nem para um mês dure) têm agora de passar a pagar 515,76€.
Têm dinheiro para suportar este encargo extra? Muito bem... podem continuam o tratamento. Não têm como pagar? Paciência... podem definhar à vontade que a ADSE até agradece pois talvez assim morram mais depressa e deixem definitivamente de ser um encargo (é que além daquela despesa um doente com EM tem muitas outras).
Trata-se de uma situação extremamente injusta e revoltante. Afinal durante 14 meses por ano (apesar de só podermos "usufruir" de 12) cada utente (incluindo os que têm EM) descontam 3,5% do seu vencimento e/ou reforma para "engordar" os cofres da ADSE...
Uma vida contributiva de quase 40 anos, trinta dos quais sem problemas de saúde, para chegar à reforma por invalidez e precisar de assistência na saúde e ver-se privado de um medicamento essencial é de uma crueldade atroz e não pode passar impune.
Data de ocorrência: 22 de fevereiro 2020
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