Hospital S. Gonçalo
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Hospital S. Gonçalo - Negligência

Sem resolução
Susana Correia
Susana Correia apresentou a reclamação
2 de agosto 2019
Exmos Senhores,
No dia 22/07/2019 pelas 12h20 dei entrada no vosso serviço de urgência.
Informei a recepcionista que me atendeu que estava grávida de 4 semanas, aproximadamente, e que estava a ter uma hemorragia. Esta informou que estava um médico de clínica geral de serviço na urgência e um ginecologista a dar consultas, como tal, seria atendida pelo médico de clínica geral e se este precisasse de auxílio, chamaria o colega. Assenti e aguardei que me chamassem.
Por volta do 12h40 fui atendida pelo Dr. Sérgio Valois que me perguntou o que se passava, se os fluídos eram vermelhos ou castanhos, ao que respondi que eram cor-de-rosa, idênticos a quando o período está a chegar. Este disse-me que iria pedir uma análise ao sangue para confirmar a gravidez e o tempo da mesma. Estranhei e perguntei se não iria ser observada, ao que me respondeu que não, que no imediato teria de fazer a dita análise. Voltei a insistir, com receio de não me ter feito explicar com clareza, que estava a ter uma hemorragia e que possivelmente estaria a abortar. O Sr. Dr. não me respondeu mais, dizendo somente que teria de aguardar.
Assim fiz. Sensivelmente 15 minutos depois tive vontade de ir à casa de banho e apercebo-me que estou a sangrar imenso, não sendo já o fluído cor-de-rosa, mas sim vermelho vivo, exatamente igual ao período. Os nervos tomam conta de mim, ao mesmo tempo que sou chamada para fazer a análise ao sangue.
No caminho pergunto novamente se não vou ser observada, não sabem responder.
Chego ao gabinete da pessoa que me irá fazer as análises e não consigo conter as lágrimas, volto a perguntar por que motivo só me estão a fazer a análise e não a ser observada, respondem-me que não sabem, que só estão a cumprir instruções. Informam-me que tenho de aguardar 1 hora para receber os resultados das análises.
Descontrolo-me e volto a dizer que estou com uma hemorragia, possivelmente devido a um aborto ou descolamento da placenta. Ninguém diz ou faz nada.
Volto para a sala de espera, onde a hemorragia cada vez é mais severa. Vou várias vezes à casa de banho para tentar colocar papel higiénico nas cuecas, mas o desconforto e a vergonha começam a apoderar-se de mim.
Volto a falar com o médico de clínica geral e a dizer-lhe que a hemorragia agravou, estando neste momento descontrolada. Este responde-me que não pode fazer nada, uma vez que já passou o processo para o colega da ginecologia. Insisto mais uma vez, a chorar descontroladamente, mas infelizmente, não obtenho nenhuma reação do médico.
Aguardo sensivelmente uma hora, até que o meu marido vai novamente falar com a enfermeira, dizendo que estou pior e se não se pode fazer nada.
Esta encaminha-nos para o gabinete da ginecologia. Aguardo sentada na cadeira onde sinto o sangue a escorrer-me pelas pernas.
Pergunto à auxiliar/recepcionista que está no balcão se irei ser atendida brevemente ao que esta me responde que não sabe de nada, não sabendo sequer que eu vinha das urgências. Volto a gritar, descontrolada, que estou a ter uma hemorragia e a perder o meu bebé. Olham para mim com alguma vergonha alheia e decidem, mais uma vez, ignorar-me.
A porta do Sr. Dr. abre-se para que este volte a chamar uma das suas pacientes com consulta marcada. Volto a indignar-me por que motivo não estou a ser atendida ao que a recepcionista me volta a responder que o Dr. tem consultas. O meu marido pergunta se a Sra. sabe que vimos das urgências, ao que ela diz que não. Perco a postura e volto a gritar que estou com uma hemorragia gigante e que ninguém naquele hospital faz nada.
Uma das funcionárias entra no gabinete do Dr. Júlio Caldeirão depois da paciente sair, com as minhas análises, que só chegaram às minhas mãos porque o meu marido as foi pedir à enfermeira.
Espero cerca de 10 minutos enquanto ouço a funcionária dizer ao médico que estou desesperada. Ninguém me chama, ninguém me dá uma justificação, ninguém quer saber.
Sinto a hemorragia a piorar e começo a sentir-me zonza, entro dento do gabinete do médico e peço as minhas análises. O Sr. Dr. Júlio Caldeirão está calmamente a escrever no computador e a funcionária aparece para me dizer que o Sr. Dr. está a inserir o meu processo no sistema. Grito novamente que eu deveria era estar a ser observada e não a ser colocado um nome qualquer num computador. A funcionária pergunta-me, um tanto ou quanto espantada o seguinte, e passo a citar: “Mas a senhora ainda não foi observada por ninguém?”
“Não, não fui, estou aqui há 2h e ainda ninguém me viu, a única coisa que me fizeram foi uma análise ao sangue.”
Pedi as minhas análises e sai dali para o hospital público mais próximo que se situa a aproximadamente 30km.
Face ao exposto gostaria de informar o seguinte:
Fui educada para acreditar que os médicos salvam vidas e promovem o bem-estar dos seus doentes, tentando sempre agilizar qualquer dor ou desconforto que estes possam sentir. Obviamente que nenhuma das situações se passou comigo.
Senti-me abandonada num sítio onde deveria ter sido acolhida e bem tratada.

Será normal entender que num hospital, onde uma das pacientes grita por diversas vezes que está a ter uma hemorragia, ninguém tenha perguntado se precisava de um penso? Duma compressa? Dumas cuecas descartáveis?

Será normal ninguém se ter importado com o facto de estar a ter um aborto espontâneo? Por algum acaso alguma das pessoas que ali estava, nomeadamente e especificamente os médicos, se questionou se aquela seria a minha primeira gravidez ou não? Se já tinha filhos? Se tinha feito tratamento para engravidar? Ou, ainda que nunca se meça a importância de cada vida, que valor tinha aquela gravidez para mim?
Não! Ninguém se importou com coisa nenhuma. Senti-me abandonada, negligenciada, maltratada, onde me deixaram num canto qualquer de uma sala de espera enquanto me esvaia em sangue e assimilava na minha cabeça que estava a perder o meu bebé, sozinha e desamparada!
Ninguém se importou com isto! Ninguém quis saber!
Será este comportamento normal ou esperado num hospital?
Não pode ser! Não posso conceber que é isto que fazem com pessoas nas mesmas circunstâncias que eu. E ainda assim, não me posso calar e deixar esta situação passar em branco como se de uma situação leviana se tratasse.

Meus senhores, estive duas horas a sangrar sem que ninguém me observasse. Onde a única coisa que resolveram fazer foi uma análise ao sangue.
Não sei da vossa opinião técnica, o que eu sei, é que na minha cabeça eu não deixo de pensar que se tivesse sido vista assim que cheguei ao hospital, lugar que confiei e que me dirigi numa situação desesperada, neste momento ainda poderia estar grávida. O aborto foi confirmado no hospital de Portimão por volta das 15h00 de dia 22/07/2019.
Ainda assim, gostava de perguntar-vos, na vossa opinião por que motivo existem cuidados paliativos nos hospitais? Se tentamos proporcionar aos doentes terminais o maior conforto possível no final das suas vidas, porque é que uma mãe grávida e a abortar espontaneamente nas instalações dum hospital não é provida do mesmo tratamento, onde não é sequer observada, confortada, ouvida? Confio que não acharão esta comparação exagerada, afinal falamos de vidas, certo? Uma a acabar e outra a começar, mas que infelizmente, não começou!
Não posso encarar esta situação de outra forma se não como uma negligência brutal de todos os médicos, funcionários e demais envolvidos nesta situação perante o quadro que eu apresentei assim que fiz a inscrição nos vossos serviços.
Se o vosso hospital não tinha capacidade de resposta perante as minhas queixas deveriam ter-me encaminhado para outro hospital, assim que aí cheguei, ainda assim, se a funcionária não era a pessoa certa para tomar esta decisão, o Sr. Dr. Sérgio Valois, como profissional de saúde que é, ao tomar conhecimento do que se passava comigo, só deveria ter tido então a mesma atitude e encaminhar-me para o sitio correto. Mas, mais uma vez, meus senhores, ninguém se quis importar. Ninguém quis saber. Ninguém fez aquilo que estaria obrigado a fazer! Salvar uma vida!
Para além de tudo isto, fiquei com a certeza que ninguém sabia muito bem o que estava a fazer, pois o médico de clinica geral afirmou durante uma hora que já tinha passado o processo para a ginecologia e quando cheguei à ginecologia ninguém sabia quem eu era ou de onde vinha, incluindo o ginecologista quesó depois da auxiliar falar com ele é que inseriu os meus dados no computador. Nada disto foi simplesmente deduzido por mim, pois quando liguei para o hospital, posteriormente a este episódio, o único registo que têm é a minha entrada no serviço de atendimento permanente, nada mais!

Não consegui escrever esta reclamação antes, pois ainda é demasiado doloroso relembrar toda a angústia, todo o sangue a escorrer-me pelas pernas, toda a vida do meu bebé a se esvair dentro de mim. A vergonha duma situação tão privada se ter tornado pública com o objetivo de a ver resolvida e ainda assim, ter que sair de um hospital cheia de sangue, lavada em lágrimas e completamente descontrolada, por, depois de esperar 2 horas, ninguém ter tido a decência, a vontade, a preocupação de me atender.
Sinto-me extremamente lesada e julgo que, onde tudo o resto já falhou, a vossa obrigação será compensar-me por todo o sofrimento e toda a neglicência sofrida no vosso hospital. O que a vossa instuituição fez, não se faz! É tão simples quanto isso!

Confio que esta situação se resolverá entre estas duas partes, sem recurso, da minha parte a apoio jurídico para que a minha palavra se possa fazer ouvir ou a meios de comunicação social. Não é do meu interesse tornar esta situação ainda mais pública e julgo que do vosso também não, no entanto, se o vosso modo de operar se mantiver e uma vez mais me ignorarem, sentir-me-ei obrigada a tomar outras medidas.

Aguardo a vossa resposta com a maior brevidade possível.

Cumprimentos,
Data de ocorrência: 2 de agosto 2019
Esta reclamação foi considerada sem resolução
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