Quando todo os anos no princípio de Novembro damos conta de mais um peditório da Liga Portuguesa Contra o Cancro somos impulsionados a contribuir para essa causa porque a palavra «cancro» é das mais duras palavras que ouvimos e das mais violentas quando somos confrontados com ela pessoalmente.
Por respeito aos que tiveram, têm ou que poderão vir a lutar contra essa doença temos um grande respeito pelas instituições que se dedicam ao combate e cura, falo concretamente pelo IPO do Porto e o de Lisboa.
Em 2019 a minha mãe que tem atualmente 90 anos, foi diagnosticada com um tumor mamário de significativo tamanho e começou a ser seguida no IPO do Porto.
Na primeira consulta de grupo o veredito seria retirar as duas mamas. Foi um choque para a minha mãe e para os três filhos.
Seguiu-se o acompanhamento por uma médica que há medida que se iam fazendo exames, passou para retirar apenas uma mama ou numa fase fazer apenas a extração do tumor. Numa das consultas seria para marcar a intervenção. Nessa consulta a minha mãe além da companhia da minha irmã também estive presente. Perante a questão da médica assistente para a marcação rápida da intervenção cirúrgica eu e minha irmã não demos a anuência para essa intervenção porque a nossa mãe estava a passar por uma fase de luto muito recente pela morte do nosso pai pelo que achamos que não era o momento mais oportuno. A médica assistente não estava muito de acordo dizendo que as doenças cancerígenas são de rápida evolução e teríamos que avançar. Mantivemos a nossa decisão e a intervenção ficou adiada.
A equipa médica decidiu-se pelo tratamento por hormonoterapia. Ao fim de uns mesas o tumor regredia em tamanho e desde há uns dois anos desapareceu.
Ficamos muito aliviados pela regressão da doença e pelo seu tratamento apenas através de medicação e sobretudo porque um acaso na vida da minha mãe, ela mantém os seios e está aparentemente curada sem qualquer intervenção.
Mas não é esta história que contei que me fez apresentar esta queixa. O que quero aqui relevar é a pressa em operar, sem se tentarem outros métodos menos dolorosos para a vida das pessoas. Sei que o caso da minha mãe com uma idade avançada não permite uma evolução rápida da doença mas nunca foi essa a ideia da equipa médica e sobretudo o veredito da primeira consulta de grupo de retirar os dois seios. Hoje a minha mãe recorda esse episódio como uma coisa má que lhe aconteceu.
Mas a pouca sorte, chamemos-lhe assim, continua porque pedidos um relatório médico tendo em vista o atestado multiusos que foi pedido em Maio de 2023 e soube há pouco tempo que o pedido ainda estava na secretaria do IPO e que só em finais de Novembro perante a minha insistência foi remetido para uma médica para elaborar esse relatório. Passaram-se sete meses e quantos mais irão passar até a minha mãe obter finalmente o atestado que lhe permite uma série de benefícios?
A pressa do IPO não é a mesma pressa da minha mãe. O IPO tem pressa para cometer erros mas não tem pressa para cumprir prazos com vista a melhorar a vida pessoal das pessoas.
Esta reclamação tem um anexo privado
Data de ocorrência: 19 de dezembro 2023
Para deixar o seu comentário tem de iniciar sessão.